Hong Kong perde status de refúgio em meio às tensões EUA-China
Hong Kong, até recentemente um oásis de estabilidade política na Ásia, agora é permeada por uma incerteza regulatória e jurídica sem precedentes que ameaça sua posição como um dos principais centros financeiros do mundo.
A imposição da China de uma lei de segurança nacional abrangente, mas vagamente redigida em 30 de junho, já começa a mudar o cenário dos negócios.
Gigantes de tecnologia como Google e Facebook suspenderam o processamento de dados solicitados pelo governo. Os bancos tentam encontrar uma maneira de cumprir as contradições nas mudanças legais dos EUA e da China.
Até banqueiros da China continental na cidade ficaram chocados quando o governo começou a tributar suas rendas a taxas tão altas quanto 45%, em comparação com 15% em Hong Kong.
Na terça-feira, o presidente Donald Trump retirou certos privilégios especiais para Hong Kong sob a lei dos EUA.
A decisão histórica eliminou uma série de medidas que permitiam à cidade capitalista um tratamento diferenciado em relação à China continental, desde preferências para portadores de passaporte até acesso a tecnologias sensíveis ou ao programa de intercâmbio acadêmico da Fulbright.
A crescente turbulência política, após meses de manifestações antigoverno no ano passado, abalou uma cidade que por décadas serviu de base estável para multinacionais acessarem a China.
Agora está na mira de uma batalha mais abrangente entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping, acrescentando um elemento de imprevisibilidade que poderia remodelar o ambiente de negócios ainda mais do que os protestos do ano passado e a profunda recessão agravada pela pandemia.
“As medidas dos EUA, juntamente com a repressão de Pequim em Hong Kong, estão rapidamente transformando a cidade de um centro financeiro internacional aberto e estável em um terreno disputado, na linha de frente de um conflito geopolítico que se intensifica rapidamente”, afirmou Antony Dapiran, advogado que mora na cidade e autor de “City on Fire: The Fight for Hong Kong”.