Internacional

Homem mais rico do mundo mira ‘super app’ chinês em plano ambicioso para o Twitter; entenda

19 nov 2022, 13:16 - atualizado em 19 nov 2022, 16:41
Musk twitter
Homem mais rico do mundo, Elon Musk inspirou-se no aplicativo chinês WeChat para revolucionar o Twitter e criar um ‘super app’ (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração)

Apesar das polêmicas envolvendo o homem mais rico do mundo e o Twitter, os planos de Elon Musk para a rede social recém-adquirida são ambiciosos. A visão do novo CEO e único diretor para o chamado “Twitter 2.0” pode até parecer estranha para o Ocidente. Afinal, Musk inspirou-se na China. 

Mais especificamente no famoso aplicativo chinês WeChat, pertencente à Tencent, para revolucionar o já ultrapassado microblog de postagens. “O WeChat é uma espécie de canivete suíço digital para a vida moderna”, resumiu o cientista de computação e autor Kai-Fu Lee, no livro AI Superpowers, de 2018. 

Para a maioria das pessoas dos países ocidentais, os serviços online estão espalhados em diferentes aplicativos. As pessoas fazem negócios com clientes por e-mail, chamam um táxi no Uber, compartilham suas vidas no Instagram ou Facebook, e publicam insights no Twitter. E a lista segue. 

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Twitter 2.0 é a versão X do WeChat

Enquanto isso, na China, quase tudo pode ser feito em um único aplicativo: o WeChat. Do local de trabalho à rede social, da reserva de passagens aéreas ao pagamento de serviços de entrega, o WeChat é um aplicativo único – e obrigatório. 

Afinal, é também através dele que a população no país tem seu código de saúde (QR Code) verificado antes de entrar em um prédio público. No livro, Lee explica que unir todos esses serviços foi o surgimento da era de super aplicativos na China. 

“O WeChat tornou-se o aplicativo social universal, reunindo uma coleção de funções essenciais espalhadas por uma dúzia de aplicativos nos EUA e em outros lugares”, explica o autor, cientista e também empresário. E é exatamente esse o plano de Musk!

“Quando o novo proprietário do Twitter, Elon Musk, disse: ‘comprar o Twitter é um acelerador para a criação do X, o aplicativo de tudo’, muitos acreditam que Musk se inspirou no WeChat”, afirma Jiang Jiang, criador da newsletter Ginger River Review (GRR).  

Ele explica que não é que as pessoas na China não usem outros aplicativos ou que não existam outras opções no país. “É que os serviços online geralmente são mais compactos e o WeChat é um icônico aplicativo de tudo”, reitera.

No boletim informativo desta semana, ele até postou uma imagem da interface dos usuários do WeChat através da captura de tela da versão em inglês. Confira:

Desafios do homem mais rico do mundo

Ainda assim, são muitos os obstáculos que o homem mais rico do mundo tem pela frente ao oferecer aos ocidentais – americanos, principalmente – um “app de tudo” como o WeChat da China. 

Tecnicamente, porém, colocar várias funções em um app não é algo tão difícil, pois a tecnologia já é muito avançada. A parte realmente complicada é criar esse hábito nas pessoas, fazendo com que os usuários realmente usem as funções disponíveis. 

Até agora, gigantes da internet como Meta e Google já tentaram fazer o super app, mas com pouco sucesso. Ou seja, velhos hábitos são difíceis de quebrar e as pessoas, principalmente nos EUA, já estão acostumadas a usar aplicativos diferentes para atividades diferentes.

Afinal, por que é tão difícil criar um super aplicativo de sucesso no Ocidente? “A principal razão pode ser ‘a maldição do pioneiro’”, disse Wang Xin, consultor da Escola de Publicidade da Universidade de Comunicação da China e vice-diretor do Instituto Nacional de Publicidade, em entrevista ao jornal estatal chinês Global Times.

“Quanto mais cedo um país ou região adotar novas tecnologias, mais difícil será para o lugar aceitar as mudanças de vida subsequentes lideradas pelas tecnologias”, explicou Wang. Para ele, como berço da Internet, os EUA foram os pioneiros em criar conveniências a partir da conectividade. Mas isso também criou hábitos relativamente fixos.

Assim, Musk não deve copiar as funções do WeChat diretamente. A questão é descobrir quais as necessidades dos norte-americanos – e ocidentais – que ainda não foram contempladas. Caso contrário, a transformação do Twitter pode resultar em perdas bilionárias ao homem mais rico do mundo.

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