Hoje é dia de Fed, mas reação do Ibovespa (IBOV) é aos escolhidos por Lula
O Ibovespa não tem reagido bem aos escolhidos para a equipe econômica do próximo governo. O primeiro mal-estar foi causado pelo nome de Fernando Haddad no comando do Ministério da Fazenda. Depois, a indisposição voltou com a indicação de Aloizio Mercadante para o BNDES.
Tanto um quanto outro deram a sensação de que Luiz Inácio Lula da Silva “dilmou”. A indignação é de que o presidente eleito não tem dado ouvidos aos anseios dos investidores. Mas, como disse o petista, “quem ganhou a eleição fui eu” e o mercado que se adapte.
Ou melhor, o mercado que se acalme e aceite que é um governo de esquerda e que, portanto, haverá mais gasto e investimento público – ecoando as palavras de um ex-diretor do Banco Central. Até porque a formação do novo governo está apenas começando e a transição acabou de terminar, pavimentando o caminho para começar 2023 a pleno vapor.
Ibovespa é ‘peça bonitinha’
Com isso, a expectativa é de que, passadas as incertezas locais de curto prazo, o Brasil será a “peça bonitinha” entre os mercados globais, onde prevalecem o cenário de juros e inflação altos e o risco de recessão. Aliás, os ativos de risco lá fora amanheceram em cima do muro, à espera da última decisão do ano do Federal Reserve, às 16h.
Por mais que o Fed reduza hoje o ritmo de alta na taxa de juros dos Estados Unidos e que a inflação ao consumidor norte-americano tenha de fato alcançado o pico, ainda é cedo para comemorar. Qualquer euforia deve ser contida pelo presidente do Fed, Jerome Powell.
Ele deve manter o tom duro (“hawkish”) durante a entrevista coletiva (16h30), deixando claro que os juros nos EUA ainda devem subir um pouco mais, para a faixa de 5%, e permanecer nesse nível por algum tempo. Essa sinalização já deve ser contemplada no gráfico de pontos (dot plot), que acompanha o anúncio da decisão.
Diante disso, o retrocesso do Ibovespa para perto da faixa dos 100 mil pontos, zerando os ganhos acumulados em 2022, tornam ainda mais atraente os ativos locais ao investidor estrangeiro. Daí então o porquê da previsão de uma “onda otimista” para a bolsa brasileira logo na virada do ano, impulsionada pelo apetite dos “gringos”.
Mas isso só em 2023. Até porque com a decisão do Fed hoje e a provável votação da PEC da Transição na Câmara, no fim do dia, o apagar das luzes de 2022 será antecipado em duas semanas.
Confira o desempenho dos mercados financeiros por volta das 8h05:
EUA: o futuro do Dow Jones tinha -0,01%; o do S&P 500 oscilava com -0,02%; enquanto o Nasdaq caía 0,08%;
NY: o Ibovespa em dólar (EWZ) subia 0,72% no pré-mercado; nos ADRs, o da Petrobras tinha queda de 0,20%, enquanto o da Vale caía 0,12%;
Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 cedia 0,61%; a bolsa de Frankfurt recuava 0,77%; a de Paris caía 0,70% e a de Londres tinha baixa de 0,34%;
Câmbio: o índice DXY tinha queda de 0,24%, a 103.72 pontos; o euro subia 0,30%, a US$ 1,0666; a libra tinha alta de 0,23%, a US$ 1,2395; o dólar caía 0,65% ante o iene, a 134,71 ienes;
Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos estava em 3,502%, de 3,508% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,184%, de 4,218%, na mesma comparação;
Commodities: o futuro do ouro recuava 0,31%, a US$ 1.819,70 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI avançava 0,85%, a US$ 76,03 o barril; o do petróleo Brent crescia 0,73%, a US$ 81,28 o barril.