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Hidrogênio verde (H2V): A ‘nova commodity’ como o futuro dos combustíveis na descarbonização do mercado

05 jun 2023, 14:59 - atualizado em 05 jun 2023, 17:00
Hidrogênio Verde Engegix Energy
Professor da universidade de Waterloo no Canadá comenta sobre mercado de carbono, biomassa e a perspectiva para combustíveis renováveis (Imagem: Divulgação/Engegix Energy)

A segunda-feira (5), marca o Dia Mundial do Meio Ambiente, data estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) que tem como principal objetivo conscientizar as pessoas quanto a importância da conservação de recursos e para ações que beneficiem o ecossistema global, principalmente no que se refere a descarbonização.

E o hidrogênio verde (H2V) surge como uma “nova commodity” em um cenário onde os recursos fósseis perdem espaço para fontes renováveis. Diferente dos fósseis, o H2V é produzido a partir da hidrólise, a partir de um processo sem emissão de carbono.

Sobre o tema, e como o produto pode se tornar fundamental para os combustíveis sustentáveis, o Agro Times conversou com Jessé Van Griensven, professor na Universidade de Waterloo, no Canadá, e especialista sobre o assunto.

Agro Times: Qual a importância do hidrogênio verde na descarbonização? Podemos projetar o surgimento de um novo mercado, assim como para os créditos de carbono?

Jesse Van Griensven: Existem setores da economia que são dificílimos de descarbonizar. O exemplo mais fácil é o da produção de aço a partir do minério de ferro, processo responsável por mais de 8% de todas as emissões antropogênicas globais de gases de efeito estufa.

No processo da conversão do minério de ferro, basicamente óxido de ferro, precisamos utilizar combustível fóssil, o carvão mineral, para retirar o oxigênio do minério e termos o ferro metálico.  

O carbono (C) reage com o oxigênio (O²) gerando vastas quantidades de gás carbônico (CO2), que são emitidas para a atmosfera.

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Dessa forma, fica claro que nem tudo pode ser eletrificado para descarbonizar a economia.  Ainda assim, teremos muitas oportunidades para hidrogênio verde e para biomassa proveniente da agroindústria.

Sobre os créditos de carbono, podemos projetar a expansão dos mercados já existentes, no entanto, é preciso fortalecer o mercado carbono para florestas nativas, a partir do desmatamento e degradação florestal, algo crítico para manter as florestas “em pé”.

As florestas “agroindustriais” necessitam de um avanço nos mecanismos de crédito de carbono, como incentivo à proteção das florestas nativas e para a expansão da biomassa em setores de difícil descarbonização.

Agro Times: Quais combustíveis podem ser usados para produzir combustíveis sustentáveis de aviação?

Jesse Van Griensven: Os aviões demandam energia com alta densidade energética, com isso, as tecnologias existentes não serão utilizadas para voos de longa escala, assim, a aviação empregará combustíveis líquidos renováveis.

Entre eles, estão o metanol e etanol, além de outros que podem ser gerados a partir da biomassa. O hidrogênio verde e um produto derivado como a amônia, são candidatos, mas são mais apropriados para navios e locomotivas.

Agro Times: Como o Brasil se posiciona no cenário mundial quanto à produção de hidrogênio verde?

Jesse Van Griensven: O Brasil está muito bem posicionado para a produção de hidrogênio verde e para geração de biomassa.

A operação do eletrolisador para produção do hidrogênio tem que ser praticamente 24 horas por 365 dias do ano. Locais como desertos podem produzir energia solar, mas obviamente somente durante o dia. 

Já a energia eólica em terra tem uma redução durante o dia, pois a velocidade dos ventos caem, sendo mais altas durante a noite.

O Nordeste brasileiro, conta com a melhor combinação conjunta de energia solar e eólica do mundo. Desta forma, o grande problema está se tornando uma grande vantagem.

A realidade é que a dessalinização para o eletrolisador não precisa ser tão alta como a água para consumo humano. Portanto, o custo fica relativamente baixo.

Para comparação, o custo do hidrogênio verde aproximadamente é de US$4/ kg. Já a porção da dessalinização é de apenas US$ 0,10/kg.

Na frente de biomassa, o Brasil conta potencialmente com duas colheitas por ano, enquanto outros produtores no mundo contam com apenas uma.

Este é um grande momento para o Brasil, por poder colaborar com uma descarbonização importante e gerar vastos recursos para a população local.