Hidrogênio verde ainda levará uma década para dar lucro, diz RWE
A promoção do hidrogênio como fonte de energia limpa ganha ritmo na Europa, mas uma das maiores concessionárias da região alertou que levará uma década antes que o combustível seja rentável.
“Vai levar de 10 a 15 anos até que o negócio possa dar resultados satisfatórios”, disse Anja-Isabel Dotzenrath, CEO da unidade de energias renováveis da RWE. “No entanto, é uma área de crescimento atraente a longo prazo para a RWE”, disse em entrevista.
Embora o hidrogênio verde – produzido a partir de fontes de energia renováveis – seja cada vez mais visto como uma das melhores maneiras de reduzir as emissões da indústria e do transporte, os custos de produção ainda são o dobro da geração de combustível a partir do gás natural, de acordo com a BloombergNEF.
Esses custos deverão cair, já que o hidrogênio desempenha papel fundamental no Green Deal da União Europeia. Além disso, a Alemanha prometeu investir 9 bilhões de euros (US$ 11 bilhões) na produção local de hidrogênio verde. Esse apoio político é necessário para a tecnologia decolar, disse Dotzenrath.
Por sua vez, a RWE está incluindo o hidrogênio em sua estratégia para deixar o carvão e focar na energia de baixo carbono. Embora os ganhos de outras energias renováveis, como eólica e solar, já estejam impulsionando os lucros da concessionária alemã, o hidrogênio é visto como uma aposta de longo prazo, disse Dotzenrath.
A RWE anunciou em junho planos para fornecer hidrogênio para a siderúrgica Thyssenkrupp e promover o uso do combustível em seu futuro terminal de gás natural liquefeito na Alemanha. A concessionária também avalia construir uma usina de energia para hidrogênio de 100 megawatts nos Países Baixos.
A RWE vê oportunidades em toda a futura cadeia de abastecimento de hidrogênio. Além de fornecer eletricidade verde, possui o know-how para construir suas próprias instalações de produção de hidrogênio e capacidade de armazenar o combustível. A conversão de usinas operadas a gás para receber hidrogênio também está nos planos da empresa.
“Subsídios e impostos de carbono são necessários para o setor crescer”, disse Antoine Vagneur-Jones, analista da equipe de política de transição energética da BNEF para Europa, Oriente Médio e África. “Teremos que ver quão ambicioso será o apoio à política antes de prever os retornos esperados das empresas.”