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Heverton Peixoto: A criação de valor com unidades de negócio interdependentes

23 dez 2021, 18:23 - atualizado em 23 dez 2021, 18:23
Lego, trabalho, emprego, negócios, escritório
Não é festa: empolgação na busca de resultados não pode se transformar em carta-branca para fazer apenas o que se quer (Imagem: Pixabay/ www_slon_pics)

Uma das missões mais árduas para companhias no estilo holding é manter viva a máxima: unidades de negócios interdependentes criam valor juntas. Especialmente para os conglomerados com aquisições, fusões e parcerias em série, que estão em processos de diversificação da atuação e ampliação de portfólio.

Para estruturar bem os negócios, definir as melhores estratégias e unir todos os colaboradores em torno dos principais propósitos do grupo, a participação efetiva com integridade, respeito e transparência da governança corporativa – sobretudo da diretoria e dos comitês de apoio – e a disseminação clara, contínua e mensurável do impacto da cultura organizacional são indispensáveis.

Quando lidamos com seres humanos, temos de considerar que cada indivíduo tem o seu caráter e sua percepção alicerçadas por traços genéticos, culturais, educacionais, sociais e de sistemas político-econômicos, que geralmente apresentam diversidades capazes tanto de nos unir como nos afastar.

Nesse sentido, estar atento à densidade de talentos, ao desenvolvimento dos colaboradores, à massificação das competências esperadas e não desejadas, a partir da cultura organizacional única, forte, uniforme, que privilegia desafios, diversidade, inovação, resultados e meritocracia são grandes diferenciais.

Nas organizações empresariais, os vieses conscientes e inconscientes de comportamento dos colaboradores têm se mostrado muito relevantes. Por isso ter o DNA ou adaptar-se ao jeito de ser da companhia gera benefícios aos colaboradores. Ainda mais em tempos de pandemia da Covid-19 e do isolamento social, quando as lideranças são convocadas às posturas mais humanizadas e o delegar faz parte do processo de confiança e impacto para o protagonismo dos profissionais em suas melhores versões.

Autonomia versus independência

Quando há diversas unidades de negócio e trabalhadores direcionados para liderança, senso de dono, tomadas de decisões em nome do conglomerado, paixão por fazer acontecer, atitude e inconformismo, é natural que se confunda autonomia com independência. E que se perca a noção do planejamento estratégico de grupo, bem como o sentido de cooperação para que todos ganhem.

Um passo importante para que as unidades de negócio deem continuidade à criação de valor juntas é entender bem que autonomia é a condição de maturidade que envolve liberdade com responsabilidade para a execução de atividades, liderança de processo e tomadas de decisão. Já a independência nesse caso implica na dissociação de uma ou mais partes do todo.

Autonomia significa liberdade com maturidade, explica Heverton Peixoto (Imagem: Divulgação/ Wiz/ Paulo Negreiros)

Logo, lideranças e colaboradores precisam ser motivados a contribuir com as diversas frentes de negócio e extrair o melhor das oportunidades que o conglomerado oferece, como exemplo o poder de barganha que leva à redução de custos com fornecedores, o maior acesso às informações, capacidade tecnológica e de inovação, além da ampliação da expertise para novas táticas e maior legitimidade comercial.

Unidades de negócios interdependentes se retroalimentam, gozam de vantagens competitivas e atuam a partir da percepção de que são necessárias e complementares umas às outras, num sistema integrado. Quando há reconhecimento e respeito à importância do próprio papel e do outro papel, nota-se que o “juntos” faz a diferença.

No best-seller “Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes”, o escritor americano Stephen R. Covey destaca o conceito “Contínuo da Maturidade”. Segundo ele, pessoas que evoluem do conceito de dependência para a independência e, finalmente, para a interdependência, têm mais chances de serem bem-sucedidas. Elas constroem resultados de forma sinérgica com outras que agregam experiências e soluções para temas que não necessariamente pode-se lidar sozinho.

Estudos da FGV, do Sebrae e de consultorias renomadas consideram unidades de negócios sistemas vivos que trabalham de forma interdependentes por um objetivo comum. Quando uma ou mais delas preferem a independência, agem de forma individualizada, colocam em xeque a lealdade e em risco toda a sustentabilidade da corporação. Por isso, na era do conhecimento e da atuação em rede, foque na atuação conjunta, pois ela é um trunfo para que organizações cheguem aos resultados únicos e altamente valiosos.

Heverton Peixoto é CEO da Wiz Soluções (WIZS3), uma das maiores gestoras de canais de distribuição de seguros e produtos financeiros no Brasil – Empresa avaliada atualmente em R$ 1,6 bilhão na Bolsa de Valores. Pós-graduado em Corporate Finance pelo Insead França, ele lidera há 4 anos cerca de 1,5 mil colaboradores na parceria com a Caixa e em contratos fechados durante sua gestão com Itaú, Santander, Banco do Brasil, BMG, Inter e BRB, entre outros. Seus 15 anos dedicados à seguridade incluem passagens pelo Grupo Amil e a Mckinsey & Company, nos quais atuou em projetos estratégicos para a América Latina, além da Caixa Seguros e da Par Corretora de Seguros. Neste espaço, ele escreve sobre gestão bem-sucedida de negócios.