Helio Pio: investimento é para o longo prazo; bons fundamentos duram anos

Lá pela década de 1990, quando eu era jovem, na casa dos meus 10 anos e meus familiares se reuniam para almoçar na casa da minha avó aos domingos, o assunto que sempre terminava sendo servido à mesa era “investimentos”.

O meu tio, irmão da minha mãe, sempre citava os imóveis residenciais ou salas comerciais em que estava de olho para comprar, visando posterior aluguel.

Tio David sempre repetia: essa sala aqui eu consigo comprar por “X” mil reais e depois alugar por “Y” reais por mês.

Aí, a conta sempre era “Y/X” para saber se o retorno mensal pretendido fazia sentido. Aqueles apartamentos e salas eram escolhidos levando em consideração essa aritmética “Y/X”, a região, a qualidade do bairro, a diversificação por áreas dentro do “estoque” de imóveis que ele tinha e, no longo prazo, a possibilidade de desenvolvimento da região para uma maior atratividade e valorização do bem. O objetivo: poder reajustar o valor do aluguel (Y) ou uma venda futura, em caso de emergência.

Três décadas se passaram e o mundo dos investimentos se desenvolveu: derivativos, engenharias financeiras das mais diversas e os mais variados produtos financeiros que a criatividade dos financistas poderia elaborar são hoje oferecidos.

E o meu querido tio David continua com a mesma matemática de comprar um bem por “X”, pensando quanto pode ser o retorno mensal “Y”, para saber o valor do ganho frente ao valor investido.

Só que, agora, ele deixou de lado as dores de cabeça com inquilinos, fiadores, depósitos antecipados, baixa diversificação em algumas poucas unidades, saturação de mercado, baixa liquidez do ativo e reuniões com síndicos para investir nos fundos imobiliários, os tão falados FIIs.

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Os dividendos de fundos imobiliários, ressalte-se, são isentos de IR. O valor mensal entra religiosamente na conta na data previamente acordada (isso, obviamente, se o investidor tiver escolhido bons gestores).

Além do mais, no caso dos FIIs, a diversificação é muito maior do que a que meu tio conseguiria no seu “mundinho” de poucos bairros no Rio de Janeiro.

Isso sem citar a tranquilidade de saber que ele conta com equipes altamente especializadas nesse mercado, que estão procurando sempre boas operações para investir e acompanhando de perto os ativos dos fundos.

Não me esqueço de alguns conselhos repetidos como um mantra por tio David:

– O importante é comprar “barato” para o rendimento ser o melhor possível;

– Quanto maior a sua visão de médio/longo prazo, mais seguro se torna o seu investimento;

– Você só deve vender um imóvel caso ele se desvalorize muito pela perda de qualidade da região, ou se você estiver ficando muito tempo sem locação – sinal seguro de que o local não é mais interessante.

Em caso contrário, pontuava meu tio, o bem continua se valorizando, você segue aumentando periodicamente o aluguel e melhorando ainda mais o seu retorno mês a mês, frente ao valor dispendido.

Outra afirmação dele:

– Não gosto de comprar para reformar e vender. Operação de 30/60 dias pode trazer bastante retorno, mas embute um risco muito maior. Sou investidor! Não sou nem serei especulador.

Sobre os investimentos que faz hoje em bons FIIs, tio David também algumas convicções:

1ª: o negócio é comprar quando as cotas estiverem baratas. Isso Vai melhorar ainda mais o meu retorno mensal se o fundo continuar pagando bons dividendos;

2ª: a cada dia que passa, os fundos têm mais ativos na carteira, melhorando a diversificação e o meu risco versus retorno;

3ª: enquanto alguns estão olhando para o valor da cota como se fosse uma ação e buscando um ganho no curto prazo, eu vou comprar mais cotas nesses preços atuais.

Concordo com as análises feitas pelo meu tio. Produtos com bons fundamentos a preços descontados são uma ótima oportunidade de investimento. Elas me fazem lembrar de outras frases emblemáticas:

– Mire no longo prazo!
– Preço e valor nem sempre são os mesmos: não pague muito!
– Não compre um ativo a menos que você acredite que ele está abaixo do preço justo.
– Quedas de preços são uma oportunidade única para aumentar suas posições.

Só que as frases acima não foram pronunciadas pelo meu tio David, mas sim por um investidor chamado… Warren Buffett. Você, por acaso, já ouviu falar dele?

No fundo os dois têm razão. Investimentos e longo prazo andam juntos!