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Helio Pio: desmistificando o crédito estruturado

22 jan 2021, 9:00 - atualizado em 22 jan 2021, 9:00
Após 20 anos de atuação no mercado financeiro, creio ser possível traçar paralelos entre o atual momento desses investimentos e os obstáculos enfrentados pelo mercado de ações em passado recente (Imagem: Divulgação/Devant)

O crédito estruturado, para os que ainda pouco conhecem essa modalidade de investimento, ainda é motivo de calafrios para investidores que temem correr riscos e perder as economias acumuladas ao longo de toda uma vida.

Quando oferecido a possíveis tomadores é muito comum ouvir-se como resposta: “muito risco não é para mim. Não me importo de ganhar pouco, só não quero perder”. 

Mas esse “monstro desconhecido” não é tão perigoso assim. Chegou a hora de desmistificarmos o crédito estruturado! Para isso, vamos aprofundar sete temas ao longo dos artigos dos próximos meses (confira quais são ao fim do texto). 

Crédito estruturado é uma classe composta por diversos ativos, sendo os mais comuns os FIDCs* multicedentes-multisacados, FIDCs monocedente-multisacados, CRIs* corporativos, CRIs com lastro pulverizado, CRAs*, CCIs* e debêntures corporativas.  

Após 20 anos de atuação no mercado financeiro, creio ser possível traçar paralelos entre o atual momento desses investimentos e os obstáculos enfrentados pelo mercado de ações em passado recente.

O crédito estruturado de hoje em muito se assemelha ao que parecia ser a rodovia insegura e esburacada do mercado de ações no início do ano 2000. Era difícil convencer, naquela época, os motoristas a enfrentarem os solavancos da pista da renda variável. 

Somente após um longo e incansável trabalho de formiga da área de marketing, promovido pela antiga Bovespa (hoje B3), foram vencidos os preconceitos.

Além dessa iniciativa, o desenvolvimento do mercado acionário contou com palestras educativas presenciais feitas pelas corretoras, leituras de livros sobre investimentos (muitos em inglês), além do surgimento de milhares de agentes autônomos por todo o Brasil, extensas reportagens em jornais, revistas, rádio e televisão, e da busca por conhecimento através da nascente internet. 

Dessa forma, a estrada foi sendo lentamente pavimentada e mais e mais motoristas, digo, investidores, passaram a rodar por ela até chegarmos ao tráfego pesado que registramos hoje na B3, com uma média de negociação diária que chegou a R$ 34,177 bilhões em novembro de 2020. Lembrando que, no início dos anos 2000, o volume diário não chegava a R$ 1 bilhão. 

O mercado de ações imaginário, que era visto como local de grandes apostas, com altos ganhos e risco de grandes perdas, foi dando espaço a um mercado real, palpável e acessível a todos:  desde o pequeno até o grande investidor, de especuladores frios, que buscam oportunidades de ganho no curto prazo, a prudentes investidores fundamentalistas que visam retornos apenas no médio e longo prazo. 

Esse mesmo movimento vem agora se repetindo, só que, desta vez, no nosso mercado de crédito privado, principalmente na parcela de crédito estruturado. 

Assim como no mercado de ações, em que é preciso analisar diversos setores da economia, fundamentos, governança e perspectivas econômicas, também no mercado de crédito existem muitas variáveis, entre elas a garantia das operações, que é essencial. 

 A Devant Asset se intitula uma casa de crédito conservadora, mesmo tendo um fundo imobiliário (DEVA11) que aloca até 95%  em crédito estruturado e um fundo aberto, o Devant Audax FIM CP, com até 40% deste tipo de ativo.  Você pode se perguntar: como isso é possível?

A resposta passa pelo somatório de vários quesitos que adotamos em nossa gestão e que nos dão a tranquilidade de alocar em ativos que registraram ZERO default em nossas carteiras nos últimos 7 anos e, mais do que isso, ZERO atraso de PMT*. 

 São eles:

– Sobregarantia de recebíveis imobiliários;

– Cessão fiduciária da carteira de recebíveis;

– Alienação Fiduciária das quotas das SPEs*;

– Projetos imobiliários – avaliação e monitoramento;

– Fundo de obra e fundo de reservas;

– Monitoramento completo das operações e de seus recebíveis;

– Segmento de ativos.

Nos próximos meses, a cada artigo, vamos aprofundar um dos tópicos citados e explicar por que eles são adotados, sempre sob nossa ótica. O objetivo é deixar claro porque o investimento em crédito estruturado não precisa ser tão temido e como é possível ter uma postura rigorosamente conservadora dentro desse universo ainda pouco conhecido, como ocorre na Devant. Continue acompanhando!

 

Glossário: 

– FIDC: Fundo de Investimento em Direitos Creditórios

– CRI: Certificado de Recebíveis Imobiliários

– CRA: Certificado de Recebíveis Agrários

– CCI: Cédula de Crédito Imobiliário

– PMT: Periodic PayMenT Amount (valor da parcela)

– SPE: Sociedade de Propósito Específico