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Helena Margarido: Como expandir seu horizonte com as criptomoedas

12 ago 2020, 11:08 - atualizado em 12 ago 2020, 11:08
“Não sei bem se foi meu encantamento por coisas boas e desconhecidas ou a necessidade de fazer “parte” de algo muito maior que eu que nunca me deixaram ter medo das criptomoedas”, conta a colunista (Imagem: Pixabay/WorldSpectrum)

Caro leitor(a),

Desde muito nova, tenho dois hobbies que consomem boa parte do meu tempo: música e letras – essa última na acepção mais genérica do termo.

Minha adolescência foi marcada por incursões diárias no whiplash.net, shows de bandas e artistas que meus amigos ainda não conheciam, não gostavam e que levavam meus pais à loucura porque eu fazia questão de viver a “experiência completa”, que contava com o dia inteiro na fila e mais de 2 horas para encontrar os pais quando terminava – ninguém tinha celular nessa época e tomar ônibus de madrugada com 13, 14 anos não entra até hoje nas definições de “rolê seguro”.

Eles não entendiam, mas a graça toda era exatamente essa: saber tudo que se podia sobre determinada banda, as curiosidades, fofocas e conhecer gente na fila pra saber mais “insiders” que ninguém mais sabia.

Em outras palavras: era um clube e eu fazia parte dele, independente da minha idade, do quanto mais pais ganhavam e de não ser a menina mais popular da escola. De repente, eu “era parte” de algo maior que eu. E isso era legal pra caramba.

Mal sabia eu que em alguns anos os mesmos caras que ouviam Backstreet Boys iam estar colados na grade de um show do Iron Maiden no Rock in Rio ou, pior: que eu nem iria porque aquilo era mainstream demais pra mim.

Não sei bem se foi meu encantamento por coisas boas e desconhecidas ou a necessidade de fazer “parte” de algo muito maior que eu que nunca me deixaram ter medo das criptomoedas, maior revolução tecnológica do século XXI na minha opinião. Mas já retorno neste ponto.

Voltando à experiência completa, sim, eu já cabulei aula pra ficar na fila do show do Judas Priest (desculpa, mãe!).

Tive aula de guitarra com o Mozart Mello, workshop com o Kiko Loureiro, levava meu violão para arrumar no Ladessa, ia pra faculdade tentando acompanhar os tempos de 11/13 do Dream Theater no volante e tirava sarro da minha irmã por conta dos seus posters dos Hanson e seu gosto peculiar por pagode ruim.

Aliás, como uma boa representante do meu clubinho, aos 18 anos nada que não fosse metal era bom. E isso também valia para as bandas que antes eram “roots” mas que se popularizaram, como Green Day e Offspring.

Então, em 2003, em meio a tomar ombradas em uma “rodinha” do show do Sepultura e aguardar a entrada de Deep Purple no palco, conheci aquele que, mal sabia eu, seria meu namorado pelos próximos 14 anos e pai da minha filha.

Pra encurtar bem a história: o romance, que engatou ao som de Cemetery Gates (Pantera), me fez abrir os horizontes e, em menos de 1 ano, eu já tinha o CD do Revelação no carro e ouvia “mais uma noite de terça feira no observatório” do Cesar Menotti e Fabiano.

Claro que escutei horrores dos meus amigos mais xiitas. Mas estava feliz, então qual era o problema?

Depois disso, comecei a entender que julgar as pessoas com base nas preferências de cada um era uma tremenda besteira.

Afinal, se até eu flexibilizei meu gosto musical cartesiano, qualquer um pode mudar de opinião, a qualquer hora. Tudo depende do quanto se faz questão de continuar pertencendo a determinado “clubinho”.

Mas os “clubinhos”, meus caros, são uma tremenda perda de tempo, pois mais nos limitam a expandir nossos horizontes do que nos ajudam a ser melhores em algo.

Dali para frente, comecei a descobrir coisas que gostava por mim mesma, pelos meus motivos, pela minha felicidade e bem-estar.

Dentre as descobertas vieram uma infinidade de bandas hipster que depois estouraram (Belle & Sebastian, Arcade Fire, Arctic Monkeys), versões em outras línguas de músicas famosas (tem várias dos Beatles e do Bowie em alemão, por exemplo), bandas gringas (Ligabue, Maldita Nerea, Clueso), redescoberta de incontáveis clássicos e uma paixão estranha por ópera.

Conseguem imaginar minha lista de mais ouvidas do Spotify? Uma bagunça!

“O Mercado não está nem um pouco preocupado se somos ou não parte dos livros de história, mas do quão bem a utilizamos a nosso favor e o quão rápido conseguimos nos adaptar”, diz Helena Margarido (Imagem: Freepik/pressfoto)

Em paralelo a isso, uma das perguntas que mais escuto até hoje é como eu, mulher com formação primária em direito, filha pequena, com negócios girando conheci o mundo de criptomoedas tão cedo e, desde então, segui (e sigo) uma jornada tão assídua como entusiasta que tornou esse hobby um novo trabalho.

Minha resposta (a verdadeira) pra isso é que, como faço um esforço grande e constante pra não me prender em padrões (os “clubinhos” depois que a gente fica mais velho), tudo foi consequência natural de um misto de curiosidade com dedicação.

As ideias que busco trazer para você em tudo que publico têm a ver com isso: sair do óbvio, dos investimentos tradicionais, ampliar o horizonte para as novas tecnologias que já estão revolucionando o mundo e parar de deixar dinheiro na mesa, perdendo boas oportunidades.

Meu cuidado, hoje em dia, é exatamente para não cair na “tentação” da necessidade de pertencer aos “early adopters”, como se isso fosse um mérito em si.

Por isso mesmo, vivo reciclando os grupos de WhatsApp dos quais participo, por exemplo. Porque, no fim do dia, o que me faz seguir é o gosto por boas descobertas, não “fincar a bandeira” por ter chegado até aqui primeiro.

O mundo está mudando e você está mudando com ele. Nós estamos. Mas o Mercado não está nem um pouco preocupado se somos ou não parte dos livros de história, mas do quão bem a utilizamos a nosso favor e o quão rápido conseguimos nos adaptar.

Saia do clubinho. Escute algo novo. Releia velhos clássicos. Aprenda sobre esse “dinheiro novo”. Você só tem a ganhar com isso.

Um grande abraço e até a próxima!