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Heineken vê maior pressão de custos das commodities sobre lucro

02 ago 2021, 8:40 - atualizado em 02 ago 2021, 8:40
Heineken
A Heineken disse que também venderá menos cerveja em 2021 do que nos anos anteriores à pandemia devido ao impacto da Covid-19 nos principais mercados africanos e asiáticos (Imagem: Pixabay/JacekAbramowicz)

A Heineken, segunda maior cervejaria do mundo, faz coro com a rival Anheuser-Busch InBev e dezenas de outras empresas de bens de consumo como Nestlé e Unilever ao alertar que o aumento dos custos das commodities vai reduzir os lucros no curto prazo.

Embora a cervejaria tenha contratos de hedge anuais em vigor que cobrem cerca de 90% de sua exposição à inflação das commodities, o preço do alumínio e do frete está subindo a tal ritmo que a empresa vê um “efeito material” no lucro do próximo ano, disse o diretor financeiro da Heineken, Harold van den Broek, em entrevista por telefone. A Heineken tentará compensar parte do impacto aumentando os preços, afirmou.

É a primeira vez que a empresa enfrenta pressões inflacionárias com tal impacto na última década, disse o CEO Dolf van den Brink em entrevista à Bloomberg TV, ecoando comentários recentes da Unilever.

A fabricante do sabonete Dove e do sorvete Ben & Jerry disse que a inflação atual é a mais forte desde a crise financeira de 2008.

A Heineken disse que também venderá menos cerveja em 2021 do que nos anos anteriores à pandemia devido ao impacto da Covid-19 nos principais mercados africanos e asiáticos, mesmo com o lucro do semestre tendo superado as estimativas com a reabertura de bares ao redor do mundo.

O fraco desempenho da divisão da Ásia em meio a lockdowns no Sudeste Asiático foi uma “surpresa”, disse o CEO por telefone. Restrições na África do Sul também prejudicaram o resultado, acrescentou.

Ainda assim, a empresa registrou forte receita e volume com a flexibilização das restrições da Covid no primeiro semestre. O crescimento no semestre foi liderado pela cerveja Heineken: os embarques da marca aumentaram cerca de 20% puxados pela demanda de países como Brasil, China, Vietnã e Nigéria.

O lucro operacional da Heineken em uma base orgânica subiu para 1,63 bilhão de euros (US$ 1,93 bilhão). Analistas esperavam 1,23 bilhão de euros.

A AB InBev, fabricante da Budweiser, divulgou resultados na semana passada que ficaram abaixo das estimativas devido aos efeitos cambiais e aos custos mais elevados das commodities e marketing.