hEDGEpoint vê safra recorde de soja para Brasil, mas ainda tem cautela com La Niña
A safra de soja do Brasil 2022/23 vai se desenvolvendo bem e tem potencial para se aproximar de 150 milhões de toneladas, o que seria um recorde, mas ainda é preciso cautela com o eventual impacto do fenômeno climático La Niña, que poderia resultar em seca no Sul, afirmou a hEDGEpoint Global Markets em nota.
“O foco do mercado sempre muda para a América do Sul nos meses finais do ano. Embora a safra brasileira esteja num início promissor, a produtividade da soja é extremamente sensível ao clima, especialmente após a segunda quinzena de dezembro, quando as lavouras na maioria das regiões atingem os estágios reprodutivos críticos de desenvolvimento”, avaliou a empresa de consultoria, gestão de risco e soluções de hedge.
A última projeção da hEDGEpoint indica uma safra de 148,8 milhões de toneladas, abaixo de algumas outras empresas de análises, que projetam mais de 150 milhões de toneladas.
Na quinta-feira, a StoneX viu potencial de 155 milhões de toneladas para a safra do Brasil, maior produtor e exportador global da oleaginosa.
Já a Datagro estimou a safra em 153,3 milhões de toneladas, segundo relatório divulgado na véspera.
Se confirmada a previsão da hEDGEpoint, a safra de soja cresceria 18% na comparação anual, visto que em 2022/23 a estimativa de crescimento de área é 3%, enquanto na temporada passada a seca afetou produtividades no Sul.
Apesar do La Niña, disse a hEDGEpoint, um “fator chave joga a favor de uma boa produção em 22/23 (versus a quebra de 21/22): o ritmo de plantio foi muito melhor no início da temporada, permitindo que produtores escolham melhor as variedades, espalhando o risco climático em uma janela maior”.
Previsão
Contudo, há sinais de enfraquecimento do La Niña –fenômeno caracterizado pelo esfriamento das águas do Pacífico equatorial–, notou nesta sexta-feira o agrometeorologista da Rural Clima Marco Antônio dos Santos, separadamente, em um boletim.
Ele relatou que o Atlântico Sul já começa a se aquecer, assim como a costa do Pacífico.
“Então, de certa forma, o La Niña vem perdendo força”, disse ele.
Segundo Santos, geralmente, um Atlântico sul mais quente permite que frentes frias avancem de forma mais frequente ao Brasil, beneficiando as lavouras com chuvas.