Hectare por hectare, reformar pasto é mais caro que desmatar, mas tem crédito que compense
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Abrir novas áreas de pastagens, legais ou ilegais, sai pela metade do preço da reforma de pastagens no bioma Amazônia, hectare contra hectare, mas nem por isso é totalmente desvantajoso.
Na ponta do lápis, há recursos para aumentar a produtividade de carne por hectare, como mais boi por m² com a mesma área. E ainda se ganha em produtividade.
O pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Paulo Barreto, conta que o produtor do Norte relega o fato de que parte do crédito rural contratado poderia ser direcionado para a recuperação de pastagens degradadas. Mas é exclusivamente usado para aquisição na reposição da boiada.
A estimativa do Imazon calcula que o crédito subsidiado para produzir sem desmatar pode variar de 3% a 9,5%.
Assim, se o produtor gasta até R$ 3 mil por hectare para melhorar as condições dos pastos, contra R$ 1,5 mil para tirar novas áreas de floresta, há recursos que garantam um colchão de compensação.
Além disso, na soma dos custos ambientais associados e os riscos de embargos internacionais, acumularia um valor muito maior se a opção for o desmatamento, diz o engenheiro florestal.
No mesmo estudo por ele assinado, há destaque para o fato que os pecuaristas do Norte, sobretudo do Pará, teriam que reformar entre 170 a 290 mil hectares de terras anuais, depauperadas pelas secas e manejo inadequado, até 2030.
Ao custo de R$ 270 a R$ 873 milhões por ano, a produtividade saltaria dos 80 kg por hectare para 300, e ajudaria a região a suportar a demanda por carne bovina que, na próxima década, poderá crescer entre 1,4% a 2,4%, pelas projeções do Mapa.
No Brasil se estima em cerca de 90 milhões de hectares de pastagens destruídas.