Hapvida (HAPV3) reforçará verticalização e reajustes, mas recuperação de margem será gradual, diz presidente
A Hapvida (HAPV3), uma das maiores empresas de serviços de saúde do país, vai acelerar a verticalização de suas operações e reforçar reajustes de preços de seus planos como forma de melhorar suas margens de lucro, mas a recuperação será gradual, disse o presidente-executivo, Jorge Koren de Lima.
“Este ano, em especial, vamos ter uma disciplina maior em reajustes de tíquetes”, disse o executivo em teleconferência com analistas. “Vamos privilegiar ao longo deste ano vendas mais verticalizadas, em que temos mais controle sobre as operações e menor nível de exposição à rede credenciada, nas cinco regiões brasileiras”, acrescentou.
As ações da Hapvida lideravam as perdas do Ibovespa desde o início dos negócios e desabavam 35% por volta das 14:00, enquanto o índice perdia 1,45%.
A companhia divulgou na noite da véspera queda de 56% no lucro líquido do quarto trimestre do ano passado sobre o mesmo período de 2021, com índice de sinistralidade piorando mais de 8 pontos percentuais na mesma comparação e provisões para perdas com inadimplência mais do que dobrando.
Segundo o diretor financeiro da companhia, Mauricio Fernandes Teixeira, a expectativa da Hapvida é que o governo autorize a partir de maio reajustes de dois dígitos no setor, da ordem de 10% a 20%, segundo cálculos preliminares.
Em 2022, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou um reajuste máximo de 15,5% nos planos de saúde individuais e familiares, dentro do esperado pelas empresas do setor, e o maior aumento desde 2000, ano em que a autarquia foi fundada.
Na visão de analistas do Citi, os números do quarto trimestre da Hapvida vieram piores do que se temia, incluindo a sinistralidade maior do que a esperada, bem como despesas financeiras “muito acima” do esperado.
“Não há muito o que comemorar… É verdade que as expectativas já eram baixas, mas os números ficaram abaixo de nossas estimativas abaixo do consenso, o que não é um bom presságio para a visibilidade daqui para frente e pode levar a outro ciclo de revisões para baixo (nas expectativas).”
Na teleconferência com analistas, executivos da Hapvida evitaram fazer projeções mais precisas sobre as margens e sobre despesas ao longo deste ano.
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Lima afirmou que a Hapvida aprovou no início de 2023 “centenas de ações” a serem tomadas para melhorar o resultado da companhia, que teve sua formação concluída há um ano pela combinação da Hapvida com a Notre Dame Intermédica.
Entre as ações, o executivo mencionou que a companhia vai procurar acelerar a verticalização em suas três regiões de negócios, que englobam as operações originais da empresa, as adquiridas da Intermédica e novas aquisições feitas mais recentemente nas regiões Sul e Sudeste do país.
Porém, as verticalizações, que tendem a tornar a empresa menos exposta aos preços praticados por serviços executados em redes credenciadas, vão surtir efeito sobre a recuperação de margem em prazos distintos, disse o presidente da Hapvida. Nas áreas originais da companhia, que têm nível de verticalização maior que o restante da empresa, a melhora nos resultados “vai caminhar mais rápido”, disse Lima.
A Hapvida também vai focar mais na comercialização de planos voltados ao varejo, regionalizados, reduzindo exposição da empresa a planos coletivos. Lima afirmou ainda que a companhia, que tem mais de 2.500 leitos ociosos, vai redimensionar unidades de atendimentos em áreas onde tem mais oferta.
“A combinação de reajustes superiores à inflação e o rol de medidas que tomamos vai fazer com que as operações mais verticalizadas tenham recuperação mais rápida que as expostas à rede credenciada”, disse o presidente da Hapvida. “Estamos seguros que vão trazer resultados, mas é um processo gradual.”
A expectativa de investimento da empresa neste ano para implantação de novas unidades é de 400 milhões de reais, disse Lima.
Questionado sobre o desempenho no início deste ano, o diretor financeiro afirmou que a Hapvida registrou em janeiro geração de caixa “bem forte”, mostrando recuperação de valores que ficaram pendentes de serem incluídos no balanço do quarto trimestre do ano passado após a mudança de um dos sistemas da companhia, processo já normalizado.
Teixeira comentou ainda que a companhia já viu em janeiro redução da inadimplência e que a empresa “não vê piora” nos calotes pressionados pela alta dos juros, inflação elevada e dificuldades de algumas operadoras que atrasaram pagamentos por serviços prestados pelo grupo.