Hapvida (HAPV3) derrete 15% com mudanças nos planos de saúde propostas pela ANS
As ações da Hapvida (HAPV3) assumem a dianteira da ponta negativa do Ibovespa (IBOV) e operam como os papéis mais negociados da bolsa brasileira no pregão desta terça-feira (17).
Nas primeiras horas do pregão, HAPV3 chegou a despencar mais de 15% à medida de que os investidores avaliam os impactos das novas medidas de reajuste nos planos de saúde da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Na mínima do dia, o papel foi cotado a R$ 2,17 (-15,56%).
As ações da maior operadora de saúde do Brasil terminaram a sessão com baixa de 11,28%, a R$ 2,28. Acompanhe o Tempo Real.
O que a ANS propõe
Na última segunda-feira (16), a ANS divulgou os resultados de estudos sobre a implementação de uma nova política de preços e reajustes para os planos de saúde.
Segundo a agência, o debate sobre o “aprimoramento” das regras foi iniciado nos últimos meses e envolve reajuste de planos coletivos, coparticipação e franquia, venda de planos online e revisão técnica de preços de planos individuais e familiares.
Entre as novas regras propostas, não será permitida a acumulação de índices financeiros e por sinistralidade para cálculos de reajuste.
“A operadora precisará adotar ou um ou outro. Além disso, a ANS definirá um percentual mínimo de 75% para sinistralidade meta para cálculo de reajuste. O objetivo é dar ao consumidor maior transparência sobre o cálculo realizado para a definição do percentual”, afirmou a agência em comunicado à imprensa.
As propostas, porém, ainda não têm caráter definitivo e aguardam contribuições de empresas e stakeholders— o que inclui uma consulta pública a partir de 19 de dezembro, com prazo de 45 dias, e uma audiência agendada para acontecer nos dias 28 e 29 de janeiro.
A expectativa é que as medidas entrem em vigor a partir de janeiro de 2026.
… e como isso afeta Hapvida?
Em comum, os bancos avaliam que as medidas propostas pela ANS são negativas para o setor.
“Mais detalhes serão necessários para uma visão final, mas lembramos que o histórico recente de mudanças na regulamentação do setor (por exemplo, remoção do teto para terapias de autismo em 2021) tem sido negativo na forma de aumento de custos e incerteza atuarial em torno do setor”, diz o Citi em relatório.
O banco avalia que a Hapvida pode ser uma das empresas do setor de saúde mais afetadas pelas medidas, principalmente, em relação aos planos coletivos.
Isso porque, a operadora é a mais exposta, com com 43% de seus planos corporativos atualmente situados entre 30 e 999 vidas por contrato.
Na mesma linha, o BTG Pactual afirma que “as mudanças foram frustrantes e que devem gerar mais discussão e controvérsia”.
“É desnecessário dizer que esse potencial marco regulatório sobre a precificação dos contratos seria negativo para toda a cadeia privada de saúde”, escrevem os analistas Samuel Alves, Yan Cesquim e Marcel Zambello.
Eles avaliam que “o novo marco” pode penalizar a Hapvida por ser uma das operadoras “mais eficientes”, já a companhia é o “provedor de menor custo” do setor.
Já o Goldman Sachs destaca que as mudanças podem limitar a flexibilidade dos reajustes de preços pela Hapvida, também considerando o nível de eficiência da companhia.
Quem ganha com as mudanças da ANS?
Na avaliação do BTG Pactual, a Rede D’Or (RDOR3) pode ser uma das empresas do setor de saúde menos impactadas pelas novas medidas propostas pela ANS.
“Embora também potencialmente afetada em seu braço de seguros, a Rede D’Or continua sendo nossa preferência (top pick), pois a vemos como uma companhia geradora de valor e consolidada no mercado hospitalar privado”, afirmam os analistas.
Eles ainda avaliam que Fleury (FLRY3) é um nome defensivo “interessante”, dado ao “forte” rendimento (yield) de fluxo de caixa, de 10% neste ano e de 12% em 2025, nas contas do banco, além do rendimento de dividendos de 7,5% em 2024 e de 9% em 2025.
Além de Rede D’Or, Goldman Sachs também chama a atenção para SulAmérica (SULA11), que também não deve ser impactada pelas medidas, já que opera em um MRL (margem de resultado líquido) acima do limite mínimo sugerido, de 75%, no segmento de planos coletivos.