Economia

Haddad tem carta na manga sobre meta fiscal de 2024; veja qual é e o que o mercado acha disso

06 nov 2023, 16:07 - atualizado em 06 nov 2023, 16:07
haddad fiscal
Haddad vem tentando convencer o governo de que a meta de déficit zero em 2024 deve ser mantida. (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Nos últimos dias, a questão fiscal voltou para o radar do mercado após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmar que “dificilmente” o governo chegará à meta fiscal de zerar o déficit público em 2024, indo contra todo o trabalho da equipe econômica e do ministro Fernando Haddad.

Desde então, Haddad vem tentando convencer o governo de que a meta deve ser mantida. A regra estabelecida pelo arcabouço fiscal determina que a equipe econômica vai zerar o déficit público já no ano que vem. Além disso, também é estabelecido superávit para os anos de 2025 e 2026.

No entanto, Lula parece estar irredutível. Durante uma reunião com outros ministros mais na sexta-feira (03) sobre infraestrutura, Lula teria voltado a criticar a meta – sinalizando que a sua decisão talvez já tenha sido tomada.

“Para quem está na Fazenda, dinheiro bom é dinheiro no Tesouro. Para quem está na Presidência, dinheiro bom é dinheiro investido em obras”, teria dito o presidente, segundo informações do Broadcast.

Solução de Haddad para a meta fiscal

A solução que Haddad busca, agora, é tentar jogar panos quentes sobre o assunto e deixar essa discussão para 2024, isso porque a equipe econômica e de planejamento estão quebrando a cabeça para garantir receitas suficientes para atingir um déficit zero sem precisar de um grande contingenciamento.

O ministro quer deixar essa decisão para março do ano que vem, que é quando o Tesouro Nacional divulga o balanço da arrecadação do Governo Federal.

“Se Haddad conseguir empurrar o debate da meta fiscal para o ano que vem, será uma vitória, sobretudo porque colaborará para dar sobrevida à estratégia fixada para a política fiscal baseada no arcabouço fiscal. Até lá, as nuvens da política já poderão ter mudado de lugar”, afirma Felipe Salto, economista-chefe da Warren Rena.

Ele lembra que o arcabouço já prevê mecanismos automáticos de ajuste no caso de rompimento da meta de resultado primário. Além disso, a verificação da necessidade de contingenciamento se dará nos meses iniciais do ano.

Já Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, destaca que a alteração da meta de 2024 e o seu não cumprimento trará consigo a destruição do arcabouço fiscal.

“De todo modo, Haddad quer esperar algumas decisões minimamente favoráveis no Congresso para colher receitas de curto prazo. Vale ressaltar que o efeito da reforma tributária, se aprovada, deverá trazer impactos positivos indiretos através de otimismo, visto que não há benesses de curto prazo para serem colhidas”, aponta.

Apesar dos esforços do ministro, Rafael Passos, analista da Ajax Asset, lembra que a estratégia de segurar a discussão até o ano que vem, significaria aprovar o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024 sem alteração no déficit.

“Essa proposta é rechaçada pela Casa Civil, que tem tentado influenciar Lula na direção contrária. Danilo Forte, o relator da LDO, alertou integrantes do Governo que caso não haja decisão até a apresentação do parecer final [no dia 20 de novembro], o texto será enviado com meta de déficit zero em 2024″, diz.

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