Economia

Haddad: Meta de inflação só será discutida depois de aprovar arcabouço fiscal

13 maio 2023, 16:36 - atualizado em 13 maio 2023, 16:36
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“Rigoroso”: Haddad afirma que discutir meta de inflação agora pode atrapalhar economia (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que só discutirá uma eventual revisão da meta de inflação, após a aprovação do novo arcabouço fiscal em tramitação no Congresso. Segundo Haddad, inverter as prioridades, neste momento, apenas atrapalharia a economia.

“A ordem dos fatores altera o produto”, afirmou o ministro ao jornal O Estado de S.Paulo, em entrevista concedida durante sua viagem ao Japão, onde participou do encontro do G-7, o grupo dos sete países mais ricos do mundo. Haddad afirmou que procura “ser muito rigoroso com o plano de voo que estabelecemos”.

“Tínhamos as indicações de diretores do Banco Central, que foram feitas. Agora temos a aprovação do arcabouço fiscal. Só depois disso vou tratar de outro assunto”, disse.

A posição de Haddad contrasta com a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem criticado publicamente a atual meta de inflação, cujo centro é de 3,25% em 2023, e de 3% para 2024 e 2025. A margem de tolerância é de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Meta de inflação não foi cumprida em 2021 e 2022

As atuais metas foram definidas em junho de 2020, ainda no governo Jair Bolsonaro. Na época, o CMN (Conselho Monetário Nacional) era composto, entre outros, pelo então ministro da Economia, Paulo Guedes, e pelo atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Na ocasião, o CMN afirmou que a política monetária conduziria o Brasil gradualmente a níveis de inflação vistos nos países mais desenvolvidos. Uma ajuda extra viria da pandemia de Covid-19, vista, então, como um fator que derrubaria os preços em geral, já que frearia a demanda.

O que ocorreu, como se sabe, foi uma grande desorganização de cadeias produtivas globais, levando a choques de oferta que, ao contrário do esperado pelo CMN, fizeram a inflação subir. O resultado foi que o Brasil estourou o teto da meta em 2021 e 2022.

Com a mudança de governo, a imprensa, o mercado e o mundo política aposta que a meta será revista, já que Lula conta com dois dos três integrantes do CMN – além de Haddad, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, também tem assento no órgão.

Haddad conta com Galípolo no BC para conter Campos Neto

Em abril, durante um café da manhã com jornalistas, Lula desferiu um de seus ataques mais diretos às atuais metas. “Se a meta [de inflação] está errada, muda-se a meta”, afirmou. O presidente se referia a uma declaração de Campos Neto, de que, para que o Brasil cumpra a meta deste ano, a taxa básica de juros, a Selic, deveria estar em 26% – praticamente o dobro da taxa atual de 13,75%.

Na entrevista publicada hoje (13) pelo Estadão, Haddad indica que o debate sobre a política monetária do Banco Central contará, agora, com o reforço de Gabriel Galípolo, secretário-executivo da Fazenda que foi indicado, na semana passada, para a diretoria de Política Monetária do BC.

“Nós vimos uma oportunidade de estimular o debate técnico, uma vez que o próprio mercado está dividido em torno da oportunidade imediata de começar o ciclo de baixa de juros”, afirmou o ministro. Ele classificou a relação entre Galípolo e Campos Neto como “profícua” e negou que tenha prometido a presidência do BC ao seu assessor, quando terminar o mandato da atual diretoria, em 2025.

 

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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