Haddad é mais conhecido entre os ricos, aponta pesquisa
Fernando Haddad, do PT, ainda está enfrentando a árdua tarefa de fazer com que o eleitorado saiba quem ele é. Chamado de “Andrade” por eleitores baianos durante uma campanha, o ex-professor da USP e ex-prefeito da capital paulista mostra-se mais favorito dos eleitores que recebem mais de cinco salários mínimos, de acordo com o Monitor Semanal de Eleições do Itaú publicado nesta quarta-feira (29).
A pesquisa teve foco na transferência de votos do petista Lula, candidato que consistentemente aparece bem nas pesquisas (liderando com 39% na última avaliação do Datafolha), mas que encontra dificuldade em sair da prisão ou apoiar um sucessor. Recentemente, até o desconhecido João Amoêdo, do Novo, encostou em Haddad.
“Uma das possíveis razões para o desempenho relativamente baixo de Haddad é que os eleitores de Lula ainda não o reconhecem como o candidato indicado pelo ex-presidente”, justifica o relatório.
O gráfico abaixo mostra que o candidato o possível candidato à presidência oficial do PT (ou não) teve crescimento, especialmente entre os mais ricos. Outro dado importante é que Haddad é reconhecido como o candidato que será apoiado por Lula por 17% dos eleitores (isso não quer dizer que elas vão votar nele; apenas que elas acreditam que ele será patrocinado).
Analogamente, ao olhar por quebras entre regiões federativas, Haddad é reconhecido como o candidato de Lula por apenas 13% dos eleitores do Nordeste, um dos redutos eleitorais históricos do PT. 11% e 13% o conhecem no Norte e Centro-oeste, respectivamente. No Sudeste e no Sul, o candidato é reconhecido por 22% e 14% do eleitorado, respectivamente
A pesquisa do Itaú avaliou quem votaria em um candidato apoiado por Lula: atualmente, 31% dos eleitores votariam com certeza em um candidato patrocinado pelo petista, enquanto 48% disseram que não votariam de jeito nenhum e 18% responderam com um “talvez”.
De acordo com os analistas do Itaú, “com a eventual substituição oficial de Lula por Haddad, é provável que aumente o reconhecimento deste como candidato oficial do PT e de Lula, o que deve impactar positivamente sua intenção de votos. ”
Distribuição de votos por renda
Ainda de acordo com a análise de renda dos eleitores de cada candidato, o Monitor mostrou um gráfico que busca entender o perfil que originou a popularidade de Jair Bolsonaro, do PSL, que é de um partido pequeno, nunca concorreu, nunca governou e cuja carreira política foi construída através de vários mandatos como deputado federal.
No Sudeste, região em que o PSDB costuma ter bons resultados, a diferença de intenções de voto entre Aécio, em 2014, e a soma de Alckmin e Bolsonaro, neste ano, são de apenas 2%, dentro da margem de erro. Na quebra de renda, entre pessoas com renda acima de 10 salários mínimos, um perfil de eleitores também historicamente alinhado ao PSDB, 41% votaram em Aécio para presidente
“Esta análise, ainda que não exaustiva, indica que uma parcela considerável dos eleitores do PSDB na última eleição optou, neste ano, por votar em Jair Bolsonaro”, afirmam os analistas.