Haddad diz que plano de moeda comum não é a ideia defendida por Paulo Guedes
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira que o plano para criação de uma moeda comum entre Brasil e Argentina não tem relação com ideia do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, de estabelecer uma moeda única.
“Meu antecessor defendia uma moeda única, não é disso que estamos falando, não se trata da ideia de Paulo Guedes, se trata de avançarmos nos instrumentos previstos e que não funcionaram a contento”, disse, em evento durante viagem a Buenos Aires, na Argentina.
O ministro citou como exemplos que não funcionaram bem a possibilidade de pagamento em moeda local pelos dois países e o CCR (Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos), mecanismo de compensação entre bancos centrais.
Em agosto de 2021, Guedes afirmou que uma moeda única para o Mercosul possibilitaria uma integração maior e uma área de livre comércio, e criaria uma divisa que poderia ser uma das “cinco ou seis moedas relevantes no mundo”.
Nesta segunda, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, também explicou que a ideia de criar uma moeda comum para transações entre Brasil e Argentina nada tem a ver com uma substituição das moedas nacionais.
“É justamente pela baixa conversibilidade do peso, e porque a gente entende que é difícil aceitar o peso no comércio internacional hoje, que está se pensando em outra forma de unidade de conta e de meio de pagamento”, afirmou em entrevista à GloboNews.
Galípolo enfatizou que o objetivo da iniciativa não é superar o dólar como moeda internacional, ponderando que “parece fazer pouco sentido” ter o comércio da região constrangido em função da política monetária norte-americana.
Haddad também disse que a integração de países da América Latina deveria ser “um pouco mais radical”, mencionando que o “Mercosul foi uma grande iniciativa, mas penso que chegou o momento de ser mais ambicioso”.