Haddad diz que Copom poderia ter sido “um pouco mais generoso” com medidas adotadas pelo governo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na última segunda-feira (6) que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central poderia ter sido mais “generoso” com as medidas de ajuste fiscal adotadas pelo governo, e voltou a defender uma harmonização entre a política fiscal e a política monetária.
“Eu penso que a nota (do Copom) poderia ser um pouco mais generosa com as medidas que nós já tomamos. Então, eu entendo que nós vamos, como eu disse já várias vezes, harmonizar a política fiscal com a política monetária. Uma ajuda a outra. A política fiscal ajuda a política monetária. Mas não podemos nos esquecer que a política monetária ajuda a política fiscal. Então, é como se fosse um organismo com dois braços que têm que trabalhar juntos em proveito do mesmo objetivo”, disse Haddad a jornalistas.
“Nós estamos herdando do governo anterior uma situação fiscal delicada, e eu acho que o que o Banco Central disse faz mais referência ao legado do governo anterior do que as providências que estão sendo tomadas por esse governo”, acrescentou.
Na primeira reunião do Copom após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Banco Central decidiu na semana passada manter a Selic em 13,75% ao ano e ressaltou que a incerteza fiscal e a deterioração nas expectativas elevam o custo para que a autoridade monetária atinja suas metas.
A decisão foi tomada após críticas de Lula à condução da política monetária e em meio a um ambiente de alta nas expectativas para a inflação e piora nas projeções para a taxa básica de juros.
Mais cedo nesta segunda, Lula voltou a criticar o BC e disse ser uma “vergonha” a explicação do Copom para ter mantido a taxa de juros inalterada.
Lula tem criticado a independência formal do Banco Central –chegando a afirmar que poderá rever o tema ao término do mandato do atual presidente Roberto Campos Neto, em 2024–, assim como o patamar da taxa de juros e a atual meta de inflação, que ele considera baixa demais.
O mercado financeiro tem reagido mal a essas falas do presidente e ao que enxerga como falta de compromisso fiscal do governo, e costuma responder com a elevação dos juros futuros.
Na entrevista a jornalistas, Haddad também afirmou que debateu “nomes técnicos” com o presidente do Banco Central para ocupar o cargo de diretor de Política Monetária da instituição e que irá submetê-los a Lula.
A substituição do atual diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, está sendo vista como um importante termômetro da relação do novo governo com o BC. A nomeação do diretor cabe ao presidente, e a indicação precisa passar pela aprovação do Senado.
Haddad também afirmou que a reforma tributária tem o objetivo maior de dar segurança jurídica e transparência para o Orçamento.