Haddad desempenha bem o papel de apaziguador, mas apanha no quesito força
Muito antes de assumir como ministro da Fazenda, Fernando Haddad vem tentando mostrar para as alas políticas e econômicas que não é apenas uma sombra do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na última semana, ele conseguiu conquistar a sua primeira vitória depois de algumas derrotas: a reoneração dos impostos federais sobre a gasolina e o etanol.
Por mais que a retomada do PIS e Cofins vão ser parciais, a volta dos impostos era algo pelo qual a equipe econômica lutou com unhas e dentes. Isso porque a recomposição tributária garante quase R$ 29 bilhões em arrecadação.
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Lula não queria aumentar os impostos. O lado político tem receio do impacto disso na inflação e na imagem do petista. Mas depois de muitas reuniões, ele foi convencido. Ponto para Haddad.
“A reoneração de combustíveis, ainda que adiada e suavizada, é uma demonstração de força do ministro Haddad. Os planos fiscais para 2023 ainda estão longe de se estabelecerem plenamente, tal qual ainda pouco se sabe sobre o novo arcabouço fiscal, mas é inegável que dentro do PT ele é um dos poucos que aponta para um sentido menos insustentável”, afirma Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.
A vitória pode ajudar a pasta nas negociações em torno do novo arcabouço fiscal e também da reforma tributária, que são as grandes metas do Ministério da Fazenda.
Bombeiro oficial do planalto
Haddad também é visto como um ponto de equilíbrio entre Lula e o mercado financeiro. Enquanto Lula declarava guerra ao Banco Central e criticava Roberto Campos Neto, o ministro tentava se aproximar do chefe da autoridade monetária.
Ambos fazem parte do Conselho Monetário Nacional (CMN) e também fizeram questão se separar um espaço na agenda do evento do G20, na Índia, para almoçarem juntos.
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Haddad em busca da sua força
Por outro lado, o ministro parece estar se desgastando com o PT. As duras críticas de Lula ao Banco Central estavam desgastando a imagem do presidente, por isso, o partido colocou a presidente Gleisi Hoffman para assumir esse papel.
O problema é que o cabo de guerra agora é entre ela e Haddad para medir quem tem mais força no governo: a ala política ou a ala econômica. As ordens do governo é de colocar panos quentes no embate dos dois.
No caso da reoneração dos combustíveis, tanto Hoffman quando o secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, se posicionaram contra a volta dos impostos. A informação é de que isso gerou atritos dentro do partido – lembrando que Haddad é um potencial substituto de Lula nas eleições presidenciais.
Para os analistas da Genial Investimentos, Haddad perdeu as disputas com a ala política sobre a volta destes impostos no início do ano e sobre novo aumento do salário mínimo em 2023. Mas ganhar a disputa pela reoneração foi o primeiro sinal de força política do ministro.