Economia

Galípolo é anunciado como novo presidente do Banco Central

28 ago 2024, 15:33 - atualizado em 28 ago 2024, 16:17
Gabriel Galípolo presidente Banco central
Galípolo é anunciado como novo presidente do Banco Central (Imagem: Lula Marques/Agência Brasil/Distribuição via REUTERS)

Gabriel Galípolo é indicado como novo presidente do Banco Central (BC). O anúncio foi realizado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quarta-feira (28).

O atual diretor de Política Monetária da autarquia assume o cargo a partir de 2025, quando acaba o mandato de Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro.

Galípolo, que disse que a indicação é “uma honra, um prazer e uma responsabilidade imensa”, passará por sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e precisa ser aprovado pelo plenário.

Segundo Haddad, ainda não foi definido o substituto de Galípolo. O ministro ressaltou que, agora, o Governo vai trabalhar na decisão dos três nomes que ocuparão os cargos que ficarão vagos na diretoria do BC.

O nome de Galípolo foi bem recebido por agentes do mercado financeiro e já era ventilado como o favorito de Luiz Inácio Lula da Silva para assumir a presidência. Lula, inclusive, teve reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para alinhar a nomeação.

Em evento do Santander hoje, Campos Neto disse estar “à disposição para fazer a sucessão da melhor forma possível”. Ele até já defendia o anúncio antecipado do novo presidente, devido à sabatina.

Novo presidente do BC está disposto a elevar a Selic

Nas últimas semanas, Galípolo tem reiterado o discurso de que está disposto a elevar a Selic se for preciso.

Segundo ele, a autoridade monetária está em posição conservadora e de cautela diante de indicações de que a atividade econômica no Brasil está resiliente e mostrando bastante dinamismo. Segundo ele, “todas as alternativas estão na mesa” para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

O BC irá aguardar as próximas semanas até o encontro de setembro para obter “o máximo de dados” e, então, tomar sua decisão sobre os juros.

O diretor, inclusive, afirmou que suas falas recentes não colocaram o BC em um “corner” em relação ao que será feito com a taxa básica em setembro. Ele lembrou ainda que não foi fornecido nenhum “guidance” para a Selic.

Galípolo lutará para satisfazer Faria Lima e Lula

Para Fabio Kanczuk, ex-diretor de política econômica do BC e diretor de investimentos da ASA Asset, Galípolo terá que lutar para satisfazer dois chefes — a Faria Lima e Lula – como presidente da autarquia.

“Ele vai se esforçar nas duas pontas, mas o Banco Central passará a ter uma restrição a mais do que anteriormente”, disse o diretor da ASA em entrevista ao Money Times.

Na análise de Kanczuk, o mercado deve pressionar Galípolo e os membros do Copom a elevarem a Selic, se a inflação estiver descontrolada. “Se não tiver alguma projeção de que a inflação está caminhando para a meta, será necessária uma política monetária mais apertada. E se não houver ajuda do fiscal, será preciso fazer por via monetária”, afirmou.

Por outro lado, o presidente da República deve pressionar a autarquia para entregar juros mais baixos, a fim de ajudar no crescimento do país.

“Galípolo ficará tentando manobrar esses dois chefes e, ao operá-los, ele tende a ser mais leniente do que o Banco Central anterior”, disse Kanczuk.

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