Há risco de o governo dos EUA paralisar? Saiba o que aconteceria nesse cenário e o que Biden está fazendo para evitar
Na segunda-feira (08), os líderes do Congresso dos Estados Unidos (EUA) chegaram a um acordo para evitar a paralisação do governo, conhecido como “shutdown”.
O acordo, realizado por Chuck Schummer, líder da maioria do Senado, e Mike Johnson, presidente da Câmara dos Representantes, é uma tentativa de evitar o pior.
Há a previsão de US$ 1,6 trilhão para o montante total de despesas para o resto de 2024. Esses gastos incluem: US$ 886 bilhões para defesa, US$ 704 bilhões para gastos não relacionados à defesa e US$ 69 bilhões serão destinados a despesas internas.
Foram realizados cortes de US$ 10 bilhões de fundos de financiamento e US$ 6,1 bilhões de gastos com Covid.
- Eletrobras e governo Lula iniciam negociações sobre participação do Estado na empresa: Como a decisão pode impactar as ações da elétrica? Confira o que fazer agora no Giro do Mercado desta terça-feira (9), é só clicar aqui:
Ainda é necessário a aprovação da Câmara dos Deputados e do Senado. O financiamento de serviços prioritários foi estendido até 19 de janeiro, enquanto outros setores seguem até o dia 2 de fevereiro, data-limite para avaliar o acordo e aprovar um financiamento.
No meio da disputa entre republicanos, que desejam cortes mais radicais nos gastos, e democratas, que tentam aprovar mais ajuda à Ucrânia, a dívida do governo não para de subir. Pela primeira vez, ela ultrapassou US$ 34 trilhões.
Sobre o acordo, o presidente Joe Biden afirmou que ele “nos aproxima da prevenção de uma paralisação desnecessária e protege as prioridades nacionais”. O presidente luta pela aprovação de orçamentos para enviar ajuda à Ucrânia.
De acordo com o banco Citi, o acordo reduz a chance de haver um shutdown, mas não elimina a probabilidade desse cenário. Para ele, “mais importantes serão os dados sobre a inflação CPI e PPI na quinta e sexta-feira”.
O que pode acontecer durante um shutdown?
Por conta dos altos gastos, anualmente, a Câmara dos EUA precisa aprovar 12 leis para financiar gastos públicos de departamentos e agências federais. Os setores que não tiverem os gastos aprovados entram em paralisação.
Entre as 12 leis, há a contemplação de setores como: energia, funções governamentais (como o Escritório Executivo do presidente), segurança interna, transporte e, a principal nesse momento, defesa.
A lei de defesa supervisiona o financiamento para as forças armadas, serviços de inteligência e outros departamentos ligados à defesa nacional. Também é a que recebe mais recursos atualmente.
Mas outros setores também são prioridade para o governo. Segundo Chuck Schummer, “ao garantir os 772,7 mil milhões de dólares para financiar gastos discricionários não relacionado com defesa, podemos proteger as principais prioridades internas, como os benefícios dos veteranos de guerra, os cuidados de saúde e a assistência nutricional, dos cortes draconianos pretendidos pelos extremistas de direita”, fazendo referência ao posicionamento mais severo de parte dos políticos.
Apenas os setores que não tiverem sua respectiva lei de apropriação aprovada, que garante o orçamento referente ao período, serão afetados. No caso, serviços de saúde, trânsito e fronteiras são alguns que não paralisam, mas os funcionários públicos podem sofrer com atrasos em seus salários.
Os setores do governo dos Estados Unidos já paralisaram 21 vezes, sendo que o máximo de dias foi durante o governo de Donald Trump. Na ocasião, o shutdown durou 35 dias.
Entre o fim de 2018 e o começo de 2019, surgiram impasses com relação à construção de um muro entre os EUA e seu vizinho, o México. O ex-presidente se recusou a assinar a lei caso não fossem incluídos US$ 5,7 milhões no orçamento para a construção do muro.
O que acontece com o mercado?
De acordo com análises da XP Research, o impacto desse evento é mais evidente internamente do que no mercado.
No âmbito doméstico, o país enfrenta atrasos de salários, paralisações em segmentos importantes da economia e discussões sobre o futuro político dos presidenciáveis.
Sobre esse último fator, é importante destacar que as eleições presidenciais no país ocorrem em novembro de 2024, com Joe Biden na corrida. Para um futuro presidenciável, um shutdown em seu histórico não cai bem.
Para o mercado, os efeitos são mais suaves. O S&P 500 não apresenta uma tendência clara nos dias que precedem e sucedem a paralisação, o Treasury de 10 anos não varia de forma evidente e apenas o dólar mostra uma queda após o início do shutdown.
O Goldman Sachs estima que uma paralisação de duas semanas no governo dos EUA reduziria o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimeste em 8 pontos-base. O banco acredita que há uma possibilidade de shutdown a partir de 20 de janeiro, mas faria com que no dia 2 de fevereiro os problemas fossem resolvidos.