Comprar ou vender?

Há futuro na venda direta? Com Avon, Natura cresce em mercado desafiador

31 mar 2019, 12:21 - atualizado em 31 mar 2019, 2:14
As negociações com a Avon se tornaram públicas nas últimas semanas (Reprodução/Redes Sociais)

Uma análise produzida pelo banco de investimentos Itaú BBA questiona a estratégia da Natura (NATU3) de avançar no mercado decrescente de consultores para venda direta de produtos. A empresa brasileira ampliaria, ainda mais, a sua exposição ao segmento no caso de compra da rival Avon. As negociações se tornaram públicas nas últimas semanas.

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O time de analistas pontua que, como a TBS (The Body Shop) – recentemente comprada pela Natura -, a Avon é uma empresa global muito grande e complexa.

“Ela enfrenta um cenário desafiador de receita para crescimento em todas as regiões, principalmente devido à migração do mercado de beleza e mercados associados da venda direta para o canal de varejo (principalmente o comércio eletrônico). Acreditamos que o mercado poderia questionar a exposição crescente da Natura a esse canal de distribuição”, explicam.

Complementariedades

A força de trabalho global da Avon foi cortada em 18% no ano passado

A Avon tem avançado em iniciativas para melhorar os seus resultados desde setembro de 2018, quando criou um programa de redução de custos. O relatório mais recente, de janeiro de 2019, revelou que a força de trabalho global da companhia foi cortada em 18% no ano passado.

Estas despesas são um dos principais pontos de sinergia entre as duas concorrentes. A nova empresa aproveitaria a  capacidade ociosa da plataforma da Natura (por exemplo, centros de distribuição e logística) e se valeria da extensa capacidade e estrutura da Natura para distribuir os produtos Avon, além de sua estrutura de despesas gerais e administrativas para gerar significativas diluições, argumenta o BBA.

“A Natura tem o know-how para executar a maioria das operações da Avon na América Latina. Por outro lado, acreditamos que um plano de turnaround para o mercado europeu e norte-americano pode ser percebido pelos investidores como uma transação que oferece um equilíbrio de risco-retorno menos atraente” dizem os analistas.

Endividamento

Outro assunto que pode ser muito questionado na fusão é o endividamento da Natura. Em um cálculo no qual um pagamento de US$ 1,318 bilhão seja feito, a operação aumentaria a alavancagem líquida para 4,7 vezes (dívida líquida/Ebitda).

“Observamos que a alavancagem financeira líquida da Natura não deve exceder 3,5 vezes, de acordo com os covenants que incorrem em seus títulos. Com isso em mente, acreditamos que uma oferta de equity seria usada para financiar essa transação (ou pelo menos uma parte dela)”, concluem os analistas.

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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