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Há algo estranho no Bitcoin que não se encaixa no mundo moderno

30 abr 2021, 14:28 - atualizado em 30 abr 2021, 14:52
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“Contar histórias é muito importante para a evolução do Bitcoin. Caso contrário, o Bitcoin parece se opor ao Zeitgeist moderno”, diz Paul Donovan (Imagem: Unsplash/ @purzlbaum)

O economista global do UBS, Paul Donovan, é uma figura que desafia o status quo do mercado financeiro, diariamente. Em um texto de cinco pontos, publicado todas as manhãs, costuma alfinetar algumas definições pré-concebidas. O escolhido, nesta sexta-feira (30), foi o Bitcoin.

“Há algo estranho no Bitcoin, que parece desafiar especificamente o espírito moderno atual, de uma forma que outros criptomoedas não fazem”, disse.

Em uma primeira provocação, Donovan desafia a lógica de proteção contra a inflação usada por muitos investidores no mercado de Bitcoin.

“Controlar a oferta não garante valor. O Bitcoin tem um histórico de extrema flutuação de preços. Por outro lado, a inflação das principais economias está baixa e estável há duas décadas e a quarta revolução industrial deve aumentar a eficiência, o que é desinflacionário”, comenta.

Sustentabilidade

Donovan também chama a atenção para o problema do impacto da mineração do Bitcoin no meio ambiente.

“Não podemos continuar vivendo com um ‘crédito ambiental’ e devemos nos tornar cada vez mais sustentáveis. O Bitcoin é cada vez mais destrutivo para o meio ambiente – quanto mais é criado e usado, piores são os danos ambientais”, ressalta.

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“Os custos de entrada significam que os mineiros de Bitcoin realisticamente precisam ser ricos”, ressalta o economista (Imagem: Unsplash/ Dmitry Demidko)

Igualdade

Outro ponto que ganhou ainda mais atenção neste momento de pandemia global é a desigualdade econômica entre as pessoas e países. O Bitcoin, entretanto, é desigual.

“As participações estão concentradas entre um pequeno número de pessoas e sua governança é mais plutocrática do que democrática. Políticos e economistas valorizam cada vez mais a inclusão, mas o Bitcoin é negado aos grupos minoritários que reduziram o acesso online. Os custos de entrada significam que os mineiros de Bitcoin realisticamente precisam ser ricos”, ressalta.

Donovan entende que muito da fama do Bitcoin está sobreposta em sua narrativa.

“Contar histórias é muito importante para a evolução do Bitcoin. Caso contrário, o Bitcoin parece se opor ao Zeitgeist moderno”, conclui.

Outra visão

Se você quer escutar uma opinião diferente àquela colocada pelo economista do UBS, vale a pena escutar o podcast do Crypto Times, Crypto Storm desta semana.

“Quando você traz o bitcoin para a pauta, você não tem um paralelo, porque você fala ‘é tipo uma moeda, mas não tem banco central’. Você já vê todas as ‘falhas’ e descredibiliza ele.”

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