Bitcoin (BTC)

Gustavo Franco: “não venham com conversinha libertária” sobre criptomoedas

27 ago 2019, 12:00 - atualizado em 27 ago 2019, 12:05
Gustavo Franco, ex-presidente do Banco central falou em evento destinado às criptomoedas no Rio de Janeito e teceu críticas e comparações sobre a capacidade tanto dos BC’s em criarem dinheiro sem lastro, quanto as empresas ligadas às criptomoedas (Imagem: Money Times)

Em evento realizado no Rio de Janeiro, ontem, no Teatro XP o ex-presidente do Banco central, Gustavo Franco fez uma palestra discorrendo sobre a história do dinheiro e dos bancos centrais, Franco fez paralelos sobre a capacidade dos bancos centrais ao redor do mundo em emitir dinheiro sem lastro, no que ele chama de “coins offers, enquanto as empresas que lançam Initial Coin Offers (ICO) todas ligadas às criptomoedas estão criando instrumentos que para Franco se equiparam às offshores.

Segundo Franco o velho conceito de offshores, onde o dinheiro era entesourado em paraísos fiscais, em nome de empresas, em contas sem identificação e fora do alcance do fisco, encontram semelhança e eco nas atuais criptomoedas.

“As criptomoedas criaram uma espécie de sensação de novo offshore, ligado ao anonimato. Bom ser for para ser isso, não vai rolar. Os reguladores deste planeta vão bombardear esta ideia e não venha com esta conversinha libertária. Não vai rolar. Não tem porque criar um faroeste financeiro monetário para acobertar crimes ou outas coisas”.

Gustavo Franco continua sua explanação comparando as demais empresas que emitem seus tokens como small caps. Destacando que somente o Bitcoin é efetivamente ligado a alguma tecnologia.

“As criptomoedas efetivamente não tem nada de diferente do passado. O Bitcoin efetivamente domina mais de 50% do mercado e o restante são empresas, Smal Caps, e são tratadas como tal”.

Em sua palestra Franco também destaca a relação dos Bancos centrais em emitir dinheiro sem lastro e como isso não encontra eco na tese do dinheiro digital. Visto que diferentemente dos Bancos centrais que possuem poder discricionário e mandato do Estado para dar legitimidade ao “papel pintado” como ele chama, a tese de se lançar Central Bank Digital Currency (CBDC) baseados em blockchain não faz o menor sentido prático. Leia mais sobre o Banco central chinês e sua iniciativa de lançar um CBDC aqui.

“Se exitem moedas emitidas pelos bancos centrais, duas coisas acontecem uma é que somem os bancos ou seja os bancos serão criaturas diferentes e não mais atuam no sistema de pagamentos, eles vão captar CDB para fazer empréstimos, vão fazer spread, uma atividade diferente do que exercem hoje. A segunda consequência para que precisamos de blockchain se o Banco Central pode criar sua moeda digital e ser a entidade de confiança? Para todo o sistema ele é mais confiável que qualquer outro sistema que se possa inventar”.

Por fim, Gustavo Franco também destacou que os Bancos Centrais e a máfia possuem coisas em comum:

“Ambos possuem o monopólio do crime, de criar poder de compra do nada e vendem segurança melhor que a concorrência”