Opinião

Gurus na internet podem fazer você quebrar

25 ago 2020, 14:01 - atualizado em 25 ago 2020, 14:11
B3 B3SA3 Ibovespa Mercados
Se demorou tanto tempo para atingirmos o primeiro milhão, em apenas treze meses já são quase 3 milhões de pessoas físicas na B3 (REUTERS/Rahel Patrasso)

A cultura do investimento no Brasil vem sofrendo uma verdadeira revolução. Em julho do ano passado, a bolsa brasileira ultrapassou a marca de 1 milhão de CPFs depois de uma década estagnada em torno dos 500 mil. De lá pra cá o crescimento foi exponencial.

Se demorou tanto tempo para atingirmos o primeiro milhão, em apenas treze meses já são quase 3 milhões de pessoas físicas na B3 (B3SA3).

Mesmo durante o pico de volatilidade por conta da crise causada pela pandemia de coronavírus o número continuou crescendo assustadoramente: entre março e julho, 900 mil novas contas foram abertas.

Parece um contrassenso, mas tem explicação.

No mesmo período, a taxa básica de juros (Selic) sofreu cortes consecutivos que a levaram ao atual patamar de 2% ao ano – o menor da história.

A Selic baixa impactou diretamente a rentabilidade das aplicações de renda fixa, o que fez com que o investidor brasileiro, tradicionalmente conservador, deixasse sua zona de conforto e decidisse se expor a um risco maior em busca de maior retorno.

Invasão Millennial

Outra possível explicação está na renovação. Hoje, seis em cada dez CPFs da bolsa têm entre 16 e 45 anos, enquanto há 4 anos essa faixa etária representava apenas 21% dos investidores pessoa física. Os novos investidores não só são mais novos, como também fazem parte de uma geração de perfil mais arrojado e mais antenado.

As redes sociais parecem estar intimamente relacionadas a essa mudança de paradigma. Cada vez mais influencers de finanças despontam pela internet atraindo seguidores com uma linguagem dinâmica e acessível.

Afinal, não há nada que atraia mais os Millennials do que conteúdo online de fácil digestão.

Redes Sociais Facebook Instagram Twitter
Segundo levantamento do próprio Twitter, de janeiro a abril deste ano, foram 2,6 milhões de postagens sobre finanças relacionadas ao Brasil (Imagem: Unsplash/@dole777)

Essa geração cresceu enquanto os primeiros influencers desbravavam as terras inexploradas que viriam a se tornar gigantes como o Youtube e o Twitter.

Por falar no passarinho azul, segundo levantamento do próprio Twitter, de janeiro a abril deste ano, foram 2,6 milhões de postagens sobre finanças relacionadas ao Brasil, um crescimento de 84% quando comparado ao mesmo período do ano passado.

Má influência

O perigo é quando alguns destes “gurus” começam a prometer mundos e fundos. Essa procura cada vez maior por conteúdo relacionado ao mercado e à educação financeira cria  um terreno fértil para aproveitadores. Pessoas que lucram em cima da falta de conhecimento e enriquecem te ensinando a enriquecer no mercado financeiro – sem nunca ter alcançado essa proeza.

Isso tem chamado a atenção da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Ministério Público Federal, que monitoram a atuação de influenciadores de olho em possíveis práticas irregulares.

“A CVM e o MPF têm empregado filtros que colhem nas redes sociais dados para investigar pessoas que usam de sua posição junto à audiência para práticas não permitidas, como manipulação de mercado. A gente pode não ter visto ainda nenhum caso muito rumoroso, mas está acontecendo”, afirmou o advogado e ex-presidente da CVM Marcelo Trindade ao Estadão.

Como separar tubarão de sardinha?

Nem todos que entram nesse meio estão mal intencionados, é claro, mas como você pode saber em quem confiar? Que canais valem a pena acompanhar? Quais cursos são um bom investimento do seu dinheiro suado? Justamente para ajudar nisso foi criado o perfil Reclame Aqui do Trader (@reclameaqui.do.trader), inspirado no site Reclame Aqui .

A fórmula não é estranha para quem está acostumado a fazer compras online. É comum correr para o Reclame Aqui para verificar se uma loja é confiável ou não e checar como anda a sua reputação.

Mercados EUA Ações Wall Street NYSE
Outra forma de identificar conteúdo de qualidade é buscar por aquele que é produzido por profissionais da área, pessoas que respirem o mercado dia e noite (Imagem: REUTERS/Lucas Jackson)

A lógica da versão trader é a mesma: as pessoas enviam seus feedbacks de cursos de trading pelo perfil do instagram (ou através de aplicativos de mensagens como o WhatsApp e o Telegram), dando também o direito de resposta aos alvos das críticas.

De tempos em tempos o próprio perfil produz um levantamento de avaliações positivas e negativas para que os seguidores possam ter um panorama mais amplo. Afinal, não é porque uma pessoa não teve uma boa experiência com determinado curso que ele seja uma porcaria.

Outra forma de identificar conteúdo de qualidade é buscar por aquele que é produzido por profissionais da área, pessoas que respirem o mercado dia e noite. A BRA, por exemplo, atualiza constantemente os canais digitais com material educacional e informativo, contando com a curadoria de nossos especialistas.

“Nós na BRA temos um papel fundamental na construção patrimonial de nossos clientes, mas queremos ampliar cada vez mais esse alcance e mudar a cultura de investimentos no Brasil”, afirma o sócio fundador da assessoria, Illan Besen.

“Temos essa ambição de tornar o mercado financeiro acessível a um número cada vez maior de investidores”, acrescenta Daniel Braga, também sócio fundador BRA.

Para você que está preocupado em estudar o mercado através de fontes confiáveis, confira uma lista:

Biblioteca BRA

Canal SejaBRA

@atpalex

Série Benndorf Research: Formando Traders

BRA News Trial

Acreditamos que o aprendizado é parte fundamental da jornada de quem investe, por isso tão importante quanto buscar conhecimento é saber onde buscá-lo.

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