Bancos

Guinada dos BCs ante política monetária da era da crise ganha ímpeto

27 ago 2021, 8:03 - atualizado em 27 ago 2021, 8:03
Banco Central da Nova Zelandia
O banco central da Nova Zelândia deve elevar os juros até o final deste ano (Imagem: REUTERS/David Gray)

Enquanto os mercados financeiros esperam o Federal Reserve começar a reverter sua postura de política monetária expansionista, movimentos recentes de vários outros bancos centrais sinalizam que os dias de estímulo da era da pandemia já estão contados, embora a Covid-19 continue a impedir recuperações econômicas tranquilas ao redor do mundo.

O banco central da Coreia do Sul elevou sua taxa básica de juros na quinta-feira em 0,25 ponto percentual, buscando diminuir os riscos de estabilidade financeira decorrentes do aumento no endividamento das famílias, tornando-se a primeira grande autoridade monetária na Ásia a fazê-lo desde que o coronavírus atingiu a economia global, 18 meses atrás.

Mesmo antes do aumento de juros na Coreia do Sul, no entanto, bancos centrais da América Latina e da Europa central e do leste já haviam começado a elevar os juros este ano, buscando conter a inflação que está se acumulando devido às flutuações cambiais, gargalos da cadeia de oferta global e escassez de mão de obra regional.

E os bancos centrais de economias maiores também estão entrando na onda. O Banco do Canadá já cortou suas compras de títulos e pode elevar os custos dos empréstimos em 2022, enquanto o banco central da Nova Zelândia deve elevar os juros até o final deste ano, apesar de ter desistido de anunciar aumento na semana passada em face de um lockdown de combate à Covid-19.

Por sua vez, o Fed está tropeçando em direção à redução de seus 120 bilhões de dólares em compras mensais de ativos, com expectativa de que anuncie esse aperto antes do final de 2021, possivelmente já no próximo mês. Um aumento na taxa de juros dos EUA, no entanto, provavelmente levaria um ano ou mais.

O chair do Fed, Jerome Powell, falará mais tarde nesta sexta-feira sobre as perspectivas econômicas dos EUA na conferência anual de Jackson Hole, que está sendo realizada virtualmente pelo segundo ano consecutivo. Seus comentários podem influenciar as expectativas de quando o Fed anunciará a redução de estímulos, mas não devem oferecer qualquer sinal concreto.