Economia

Guerra na Ucrânia pode afetar inflação no Brasil de 4 maneiras; entenda

08 mar 2022, 17:26 - atualizado em 08 mar 2022, 17:26
Combustíveis
Na avaliação do BNP Paribas, a alta dos combustíveis deve ser responsável pelo rápido impacto nos preços ao consumidor (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O conflito entre Rússia e Ucrânia adiciona mais pressão sobre a inflação no Brasil e coloca em risco o crescimento do país, afirma o BNP Paribas.

A pressão deve vir principalmente pela alta das commodities, avalia a instituição. Apesar das incertezas envolvendo o cenário atual, a instituição acredita que a trajetória altista dos preços persistirá.

Segundo o banco francês, a crise na Ucrânia deve impactar a inflação brasileira de quatro maneiras:

1. Combustíveis: A alta nos preços do petróleo traz impacto direto para os combustíveis. Na avaliação do BNP, isso deve ser responsável pelo rápido impacto nos preços ao consumidor.

O BNP lembra que os ajustes de gasolina e diesel são baseados nos preços internacionais em reais. Como o combustível representa aproximadamente 6% da inflação brasileira, se os preços se mantiverem em níveis elevados, o impacto no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode ser significativo (cerca de 150 pontos-base, na avaliação da instituição).

2. Fertilizantes: Além dos combustíveis, os fertilizantes também sentem os efeitos da guerra na Europa. Com a Rússia restringindo as exportações de fertilizantes, os preços estão escalando, alerta o BNP.

3. Portos: O conflito também pode afetar os portos sob a forma de preços de frete mais altos.

4. Safra: De acordo com o BNP, se o conflito continuar ou se intensificar, a economia brasileira pode esperar impactos para as safras em 2022 e 2023, colocando pressão adicional de longa duração sobre a inflação.

“As safras estão programadas para começar daqui a dois meses no Hemisfério Norte. Se o conflito continuar até lá, provavelmente afetará a produção e os preços globais de trigo e milho“, afirma.

No Brasil, o plantio começará no segundo semestre. O BNP não vê muito espaço para um aumento na produção, e sim um atraso na plantação de milho e soja por falta de fertilizantes.

Se isso acontecer, o impacto deve atingir toda a cadeia de proteínas, já que os grãos servem de alimento para o gado, destaca o banco. A instituição lembra que o peso de alimentos e bebidas no IPCA é de 20,7%.

Revisão de estimativas

O banco francês revisou para cima as estimativas para a inflação neste ano, de 6% a 7%, sob expectativa de aumento de preços de combustíveis e alimentos devido ao conflito na Ucrânia. A projeção de inflação de 4% para 2023 foi mantida.

O BNP também elevou as expectativas para a taxa básica de juros, a Selic. A instituição acredita que o indicador atingirá 13,25% em 2022 (ante estimativa de 12,25%) e 10,5% em 2023 (ante 9,5%).

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