Fim do acordo do Mar Negro: Impactos (positivos e negativos) nas ações do agro, segundo Terra e XP
A semana contou com diversas atualizações quanto ao cenário geopolítico entre Rússia e Ucrânia, com a escalada das tensões entre os países, principalmente após o fim do acordo de grãos na segunda-feira (17).
Quase 33 milhões de toneladas métricas de milho, trigo e outros grãos foram exportados pela Ucrânia sob o acordo, que permitia o translado seguro dos produtos no Mar Negro.
Dessa forma, o Agro Times ouviu analistas da Terra Investimentos e XP Investimentos para entender as ações do setor mais impactadas pelo fim do acordo no Mar Negro e a escalada das tensões para Guerra da Ucrânia na análise das corretoras.
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Visão da Terra Investimentos
De acordo com Luis Novaes, analista da Terra, o fim do acordo no Mar Negro impossibilita a chegada de commodities da Ucrânia como trigo, milho e cevada ao mercado internacional, o que traz consequências para a oferta dos grãos e eleva os preços dos produtos.
Vale lembrar que o milho e o trigo consolidou fortes altas no fechamento de ontem.
Dessa forma, algumas empresas do Brasil exportadoras agrícolas ou fornecedoras de insumos devem ser beneficiadas, em função do maior preço das commodities globalmente.
Entre as empresas beneficiadas, estão: 3Tentos (TTEN3), Agrogalaxy (AGXY3), BoaSafra (SOJA3) e Vittia (VITT3).
“A maior margem nessas commodities pode gerar algum incentivo aos produtores para focarem nessas culturas, trazendo um efeito positivo sobre as receitas dessas empresas”, explica.
Por outro lado, empresas como Ambev (ABEV3), Camil (CAML3), BRF (BRFS3) e M. Dias Branco (MDIA3) devem sofrer com os impactos negativos da alta das commodities, já que esse avanço deve resultar em um avanço no custo de produção de cervejas, farinha, biscoitos ou alimentação animal.
Visão da XP Investimentos
Segundo Pedro Fonseca, analista de agro, alimentos e bebidas da XP, a corretora enxerga uma tendência de queda nos preços das commodities agrícolas, principalmente devido às safras recordes do Brasil e a um ambiente mais fraco em termos de demanda.
Na visão da XP, a notícia positiva fica pelo escoamento dos grãos da Ucrânia por rotas alternativas neste primeiro momento.
Assim, a corretora mantém recomendação neutra para SLC Agrícola (SLCE3) e BrasilAgro (AGRO3), empresas produtoras de commodities.
“Além disso, chuvas recentes na Argentina e no Sul do Brasil continuam corroborando com a tese de trigo em patamares inferiores (preços FOB na bolsa de Buenos Aires continuam indicando forte arrefecimento de custos para o trigo importado). Dessa forma, reiteramos nossa visão de compra para tese da M. Dias Branco (MDIA3), principalmente devido a uma forte queda nos custos e manutenção de repasses de preços realizados até o 1S23”, conclui.