Guerra na Ucrânia: Como investidores no Brasil são afetados após 1 ano
Lá se vai um ano desde que o conflito envolvendo Rússia e Ucrânia se iniciou. Num momento em que o mundo se recuperava dos enormes problemas causados pela pandemia da Covid-19, a guerra na Ucrânia acabou afetando não só os países envolvidos, mas todo o globo.
Sem entrar na questão humanitária, com milhares de vidas perdidas no confronto, ameaças nucleares e muitos ucranianos fugindo do seu país natal em busca de asilo, a economia mundial foi bastante afetada, com destaque para a Europa.
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A Ucrânia era um dos maiores produtores de grãos do mundo, com o destaque para o milho e trigo.
Já a Rússia, um grande produtor mundial de petróleo e gás, teve a imposição de sanções e barreiras econômicas, abrindo uma série de “conflitos” econômicos que trouxeram muitos problemas para a Europa.
Um dos principais pontos dessa disputa acabou sendo ne questão energética, com os russos bloqueando o fornecimento de gás para o continente europeu a afetando duramente a inflação do Velho Mundo.
Essas são questões que foram amplamente discutidas no último ano e continuam em pauta, já que o conflito não dá sinais de que irá acabar de uma hora para outra. Assim, como foi afetada a economia brasileira com a guerra e o que deve acontecer daqui para frente?
Brasil está como nessas alturas?
O Brasil acabou sendo um país que teve resultados mistos com o confronto.
Por um lado, a disparada do preço do petróleo no mundo ajudou a manter a pressão sobre a inflação no país.
O IPCA fechou 2022 em 5,79%, acima do teto da meta do Banco Central. E os combustíveis tiveram um impacto de aproximadamente 0,5% no índice, conforme levantamento do economista Luciano Sobral, da Neo Investimentos.
Esse impacto certamente seria maior, caso não houvesse a desoneração dos combustíveis pelo governo Bolsonaro e depois a acomodação dos preços do barril de petróleo abaixo de US$ 100.
Por outro lado, a alta do preço das commodities, incluindo o próprio petróleo e muitos produtos agrícolas, ajudaram o país a ter um superávit recorde na balança comercial (valor das exportações menos o valor das importações) de US$ 62,3 bilhões.
O Brasil acabou suprindo boa parte da demanda mundial de trigo e milho, passando a produzir uma maior quantidade dessas commodities no país. Isso acabou ajudando a reduzir o efeito na inflação destes produtos no país, mesmo com o avanço dos preços no mercado internacional.
Assim, apesar de ser um fator de pressão sobre a inflação, o Brasil acabou se ajustando às oportunidades que surgiram com a crise de oferta causada pela guerra.
O que esperar daqui em diante?
Como comentei, todos os indícios são de que a guerra deve durar ainda um bom tempo, sem resolução no curto prazo.
Assim, o Brasil deve continuar fazendo o papel de grande fornecedor de commodities para o mundo, principalmente dos produtos que continuam sendo afetados pelo conflito.
Interessa para a Rússia, por exemplo, que o preço do petróleo se mantenha num nível elevado. Nesse contexto, é provável que os russos continuem controlando sua oferta de petróleo o restante do mundo.
Isso ajuda as exportações brasileiras, mas pode pressionar a inflação, principalmente com a volta dos impostos sobre os combustíveis.
O trigo também deve continuar sendo um bom produto de exportação para o país, já que mesmo com a Ucrânia voltando a exportar suas commodities pelo acordo assinando com a Rússia em julho do ano passado, a normalização na oferta ucraniana não deve acontecer tão cedo.
Isso deve continuar a pressionar os preços de alimentos pelo mundo, dificultando o combate à inflação global. Ao Brasil, resta continuar a aproveitar as oportunidades que surgiram no meio dessa confusão para, ao menos, mitigar os efeitos nocivos de um confronto que parece não ter fim.