Economia

Guerra Israel-Hamas: No pior dos mundos, petróleo pode pular para US$ 150, vê Bloomberg Economics

14 out 2023, 11:43 - atualizado em 14 out 2023, 13:16
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Na visão dos pesquisadores, uma escalada mais acentuada poderia levar Israel a um conflito direto com o Irã (Imagem: REUTERS/Regis Duvignau)

A guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas tem potencial para elevar o petróleo a US$ 150 o barril e provocar uma recessão mundial, caso o conflito arraste outros países, como o Irã, diz estudo da Bloomberg Economics, assinado por Ziad Daoud (economista), Galit Alstein (repórter do Tel Aviv BNews) e Bhargavi Sakthivel (pesquisa econômica).

De acordo com os autores da pesquisa, esse risco é real, uma vez que o exército de Israel se prepara para invadir Gaza em resposta a um ataque do grupo militante.

“O número de mortos devido ao ataque do Hamas e aos ataques aéreos israelitas em curso em Gaza já chega aos milhares. Existe a preocupação de que as milícias no Líbano e na Síria que apoiam o Hamas se juntem aos combates”, diz trecho do documento.

Na visão dos pesquisadores, uma escalada mais acentuada poderia levar Israel a um conflito direto com o Irã, fornecedor de armas e dinheiro ao Hamas.

“Nesse cenário, a Bloomberg Economics estima que os preços do petróleo poderão subir para 150 dólares por barril e o crescimento global cair para 1,7% – uma recessão que retirará cerca de 1 bilião de dólares à produção
mundial”, calculam.

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De acordo com o instituto, o conflito no Médio Oriente pode causar tremores em todo o mundo porque a região é um fornecedor crucial de energia e uma importante passagem marítima.

“A guerra árabe-israelense de 1973, que levou a um embargo petrolífero e a anos de estagflação no economias industriais, é o exemplo mais claro”, explica.

Na última sexta, os mercados de petróleo reagiam fortemente ao risco de escalada do conflito e restrições severas de oferta, com o preço subindo 5%.

“A economia mundial de hoje parece vulnerável. Ainda está a recuperar de um surto de inflação exacerbado pela invasão russa de Ucrânia no ano passado. Outra guerra numa região produtora de energia poderá reacender a inflação”, explica.

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Petróleo: E se o conflito ficar restrito?

O estudo recorda que em 2014, o rapto e assassinato de três israelitas pelo Hamas foi o gatilho para uma invasão terrestre de Gaza que deixou mais de 2 mil pessoas mortas. Os combates não se espalharam para além do território palestiniano e o seu impacto nos preços do petróleo – e no economia global – foi silenciado.

“O número de mortos da semana passada já é maior. Ainda assim, uma trajetória possível para o conflito atual seria essencialmente uma repetição dessa história trágica – combinada com uma aplicação mais rigorosa das sanções dos EUA ao petróleo do Irão.”, explica.

Para os autores da pesquisa, o impacto na economia global neste cenário seria mínimo, especialmente se a Arábia Saudita e os EAU compensassem perdas dos barris iranianos utilizando a sua capacidade não utilizada.

E se o conflito virar uma guerra por procuração?

A Bloomberg Economics explica que se o conflito se alastrar ao Líbano e à Síria, onde o Irã também apoia grupos armados, o conflito se transformaria em uma guerra por procuração entre o Irão e Israel – e o custo econômico aumentaria.

“Uma escalada nestas linhas aumentaria a probabilidade de um conflito direto entre Israel e o Irã, provavelmente elevando os preços do petróleo. Na curta mas sangrenta guerra entre Israel e o Hezbollah, em 2006, o petróleo bruto subiu 5 dólares por barril”, coloca.

Os pesquisadores dizem que o impacto econômico global neste cenário advém de dois choques: um salto de 10% nos preços do petróleo e uma mudança de risco nos mercados financeiros, em linha com o que aconteceu durante a Primavera Árabe.

“Eles representam um obstáculo de 0,3 ponto percentual ao crescimento global no próximo ano – cerca de US$ 300 bilhões em produção perdida – o que desaceleraria o ritmo para 2,4%”, discorre.

Além disso, os preços mais elevados do petróleo também acrescentariam cerca de 0,2 pontos percentuais à inflação mundial – “mantendo-a perto dos 6% e mantendo a pressão sobre os bancos centrais para manterem a política monetária restritiva, mesmo quando o crescimento desaponta”.