Economia

O possível impacto da guerra em Israel na taxa Selic

09 out 2023, 16:35 - atualizado em 09 out 2023, 16:53
Guerra pode trazer pressão ao mercado de commodities e elevar a inflação
Guerra pode trazer pressão ao mercado de commodities e elevar a inflação no Brasil e no mundo (Imagem: REUTERS/Ashraf Amra)

O novo conflito entre Israel e Hamas, iniciado no sábado (6) após ataque sem precedentes do grupo islâmico, pode trazer pressão à inflação do Brasil. Isso pode colocar uma redução no ritmo do corte da taxa de juros na conta do Banco Central.

Tudo vai depender do comportamento do mercado de petróleo nos próximos dias. Nesta segunda (9), a commodity disparou por volta de 4% após a abertura do mercado, chegando a U$ 88.

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Petróleo é ativo central no conflito

Segundo economistas, a alta da commodity pode se estender. “Me parece que o barril de petróleo irá seguir em alta na esteira da reação israelense enquanto se tenta observar a reação dos outros países da região”, publicou André Perfeito, economista e consultor.

Um petróleo caro por muito tempo pode pressionar a Petrobras a aumentar o preço já alto dos combustíveis no país, contaminando a inflação local. Tudo vai depender de por quanto tempo o preço se mantiver em alta.

Porém, outro fator pode desencadear maiores altas, tal como o envolvimento de outros países no conflito. Um deles, possivelmente, é o Irã. Segundo declarou o Hamas no domingo (8), a República Islâmica teria ajudado no ataque.

O país, declaradamente anti-Israel, é um parceiro de longa data do Hamas. É certo que um estresse entre Irã e Israel poderia desencadear vários problemas, com muitas variáveis em jogo. Uma delas, certa, é sobre o mercado de petróleo.

John Auters, editor sênior de mercados da Bloomberg, afirmou em artigo publicado no serviço de mercado que não vê impacto no preço do petróleo no longo prazo “a menos que Israel decida que tem de traçar as suas fronteiras de segurança muito mais largas do que as suas atuais fronteiras”. Ele se refere ao Irã.

O país controla o Estreito de Ormuz, que escoa petróleo dos países do Golfo para o mundo. Seu fechamento poderia diminuir em um quinto o volume de petróleo global, de acordo com a economista-chefe de commodities da Capital Economics, Caroline Bain, em entrevista à BBC.

Galípolo: Selic segue a passo de 0,5 pontos

O diretor indicado por Lula ao Banco Central afirmou nesta segunda-feira que o cenário internacional é “mais desafiador”, porém o passo de juros deve-se manter.

Ele afirma que simultaneamente há um cenário doméstico favorável no Brasil, em relação ao crescimento econômico do país e também sobre a inflação, a qual avalia que teve um “comportamento mais benigno” nos últimos meses.

Segundo Galípolo, o BC deve “seguir observando esses fenômenos domésticos e internacionais para ter tempo de depurar e entender o que está acontecendo na economia”.