Economia

Guerra em Israel: Haddad avalia possíveis estragos (e oportunidades) para a economia brasileira

09 out 2023, 11:58 - atualizado em 09 out 2023, 11:58
Fernando Haddad
Fernando Haddad firmou que fatores externos podem ajudar a acelerar a aprovação de matérias importantes para o governo (Imagem: REUTERS/Adriano Machado) 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira que reconhece a existência de um cenário externo desafiador, que inclui a recente escalada do conflito israelo-palestino no fim de semana, mas destacou que o avanço da agenda econômica interna deve proteger a economia brasileira de possíveis desdobramentos.

Durante entrevista coletiva, em São Paulo, Haddad afirmou que fatores externos podem ajudar a acelerar a aprovação de matérias importantes para o governo no Congresso e enfatizou que o planejamento da equipe econômica possibilita que não haja preocupações com a economia do país.

“Com o cenário externo se complicando como está, o nosso desafio aqui é fazer a nossa agenda interna evoluir o mais rápido possível para proteger a economia brasileira”, disse Haddad.

“Quanto mais desafiador o cenário externo, maior pressa de nós endereçarmos os assuntos internos”, acrescentou.

Ao longo do fim de semana, o grupo militante palestino Hamas lançou a maior ofensiva em décadas contra o território de Israel próximo à fronteira com a Faixa de Gaza. Os ataques geraram fortes retaliações do lado israelense e temores de possíveis impactos no cenário geopolítico do Oriente Médio.

Nesta segunda-feira, os preços do petróleo, commodity fundamental para a economia de muitos países da região, saltavam perto de 4%, revertendo as quedas vistas na semana passada.

Haddad afirmou que não se pode tomar decisões “precipitadas” com base em fatores “voláteis”, como os preços do petróleo, e sinalizou que é necessário aguardar os demais desdobramentos dos conflitos em Israel.

“Temos que aguardar. Essas coisas são muito voláteis… A pior coisa que pode acontecer é você tomar decisões precipitadas que podem colocar em risco uma política. Então, vamos avaliar e ver como esse episódio se desdobra.”

O ministro ainda voltou a mencionar a taxa de juros alta nos Estados Unidos e a desaceleração da China como outros fatores a serem reconhecidos no cenário externo.

Nova fase do desenrola

Na coletiva, Haddad também disse ter a esperança de que o fim de ano será “mais folgado” graças ao programa de renegociação de dívidas das pessoas físicas Desenrola, mas manifestou preocupação com a acessibilidade à plataforma do programa.

Nesta segunda-feira, o governo lançou a última etapa do programa, apresentando uma nova plataforma para que indivíduos reconheçam as dívidas atreladas a seu CPF e escolham quais e como desejam renegociar.

Haddad afirmou que os interessados em participar do Desenrola precisam ter certificação de segurança ouro ou prata na plataforma gov.br, e que atualmente apenas 42% dos CPFs registrados na plataforma estão nessas categorias.

Ele enfatizou que os demais registrados precisarão realizar um “upgrade” em suas contas para se comprometerem com os protocolos de segurança da plataforma e receber a certificação necessária a fim de participar do Desenrola.

Segundo o ministro, o Desenrola pode atingir 32 milhões de CPFs, restabelecendo o acesso ao mercado de crédito para uma parte significativa da população.