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Guerra dos EUA contra Huawei começa a dar resultado na Europa

08 jul 2020, 8:54 - atualizado em 08 jul 2020, 8:54
Huawei
O Reino Unido estuda reduzir o uso de equipamentos da Huawei já a partir deste ano (Imagem: Reuters/Nacho Doce)

A Huawei Technologies passou de fornecedora essencial de redes móveis do Reino Unido e França ao possível banimento.

A resistência inicial e compromissos de países europeus começam a ceder após a campanha implacável da Casa Branca.

Ambos os países indicaram nesta semana que têm tomado medidas para reduzir a dependência da empresa chinesa. O Reino Unido estuda reduzir o uso de equipamentos da Huawei já a partir deste ano, e a ANSSI, agência francesa de segurança cibernética, planeja impor um sistema de isenção que provavelmente limitará muito o uso dos produtos da empresa.

Há um ano, o cenário parecia muito mais otimista para a empresa chinesa. O comitê de inteligência e segurança do Reino Unido havia dito em julho de 2019 que barrar a Huawei tornaria as redes menos resistentes a ataques maliciosos.

O raciocínio do comitê era que a medida reduziria a concorrência e deixaria o Reino Unido dependente de apenas dois fornecedores, Nokia e Ericsson.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, tentou fechar um compromisso em janeiro, permitindo que operadoras usassem equipamentos da Huawei para instalar seus sistemas 5G, desde que respeitassem o limite de 35% e concordassem em não usá-los em núcleos sensíveis da rede.

Mas a pressão dos EUA continuou a aumentar, e governos europeus e operadoras tiveram que escolher entre duas potências mundiais.

O governo do presidente Donald Trump recorreu às sanções, tornando cada vez mais difícil para operadoras europeias acessarem produtos da maior fabricante mundial de equipamentos de telecomunicações.

Boris Johnson
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, tentou fechar um compromisso em janeiro, permitindo que operadoras usassem equipamentos da Huawei para instalar seus sistemas 5G (Imagem: Paul Ellis/Pool via Reuters)

“O crescimento dos gastos de P&D da Huawei tem acelerado recentemente”, disse Neil Campling, analista da Mirabaud Securities. “Seus avanços em relação aos pares ocidentais são significativos e, portanto, os EUA estão usando tudo o que podem com seu poder político – sejam sanções comerciais, acordos oficiais, acordos não oficiais – para tentar segurar o avanço da China.”

A Huawei tem negado consistentemente que represente um risco à segurança e afirma que opera independentemente do governo chinês.

O porta-voz da Huawei, Paul Harrison, argumentou no Twitter que os EUA estão ditando injustamente a política do Reino Unido com sanções e que ameaçam o lançamento do 5G no país.

Ainda há mercados europeus a serem disputados. O governo alemão enfrenta dificuldades para estabelecer regras que exigiriam certificação de segurança para fornecedores da rede 5G.

Autoridades chinesas haviam destacado que montadoras alemãs – a jóia da coroa da maior economia da Europa – como alvo potencial de retaliação se a Huawei fosse banida de seus mercados.

Huawei
A Huawei tem negado consistentemente que represente um risco à segurança e afirma que opera independentemente do governo chinês (Imagem: Reuters/Ints Kalnins)

O golpe certeiro para as relações da Huawei com a Europa pode ter ocorrido em maio, quando os EUA proibiram a empresa de adquirir microchips que usam tecnologia americana.

A prevalência de chips que são fabricados com tecnologia americana ou a incorporam levou Pierre Ferragu, analista da New Street Research, a dizer em maio que “a Huawei tem 12 meses para sobreviver”.

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