Guerra das farmacêuticas: EMS prepara contraproposta de fusão com a Hypera, diz jornal
A rejeição da Hypera (HYPE3) para a proposta de fusão com a EMS parece não ter afetado a empresa. Carlos Sanchez, dono e presidente do Grupo NC, que inclui o EMS, estaria preparando uma contraproposta.
Segundo informações de Lauro Jardim, colunista d’O Globo, Sanchez está reunido com o alto comando da EMS para desenhar uma estratégia para uma nova tentativa de aquisição da Hypera.
As ações da Hypera começaram o dia com queda de 7%, mas já voltou para o terreno positivo, após a companhia rejeitar a proposta de fusão da EMS. HYPE3 terminou o pregão desta quinta-feira (24) com alta de 1,54%, a R$ 27,74.
Em comunicado ao mercado, a Hypera afirmou que a proposta “de forma não solicitada ou previamente discutida” foi rejeitada na reunião do Conselho de Administração. A empresa também informou que não houve tratativas para o possível negócio.
3 motivos que levaram a Hypera a rejeitar uma fusão com a EMS
Segundo a empresa, o conselho considerou os seguintes aspectos:
- o portfólio de produtos da EMS, substancialmente focado em medicamentos genéricos, não
está alinhado com os segmentos que a Hypera avalia como estratégicos; - as empresas têm cultura organizacional e práticas de governança corporativa
absolutamente distintas, sendo a Hypera uma companhia aberta desde 2008, com substancial
dispersão acionária, enquanto a EMS é uma empresa familiar de capital fechado; - a avaliação atribuída na proposta de compra subestima “significativamente” o valor da
Hypera.
“A Companhia lamenta que a Proposta lhe tenha sido enviada ao mesmo tempo em que divulgada pela imprensa e ainda com o pregão em curso, e registra que zelará pelos interesses da Companhia e dos seus acionistas, assim como pelo cumprimento das normas aplicáveis ao mercado de valores mobiliários”, diz o comunicado.
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Fusão de Hypera e EMS era um bom negócio?
A eventual fusão de Hypera e EMS ganhou os holofotes do mercado na última segunda-feira (21), quando a NC Farma, controladora da EMS, sugeriu uma combinação de negócios, em proposta que envolvia uma oferta pública de aquisição (OPA) de até 20% das ações da Hypera por R$ 30 e o restante em troca de ações.
A operação daria à EMS o controle de ao menos 60% do grupo farmacêutico, podendo ultrapassar 70% conforme a adesão à OPA.
As ações da Hypera — que caíam mais de 17% na primeira parte do pregão com o anúncio da descontinuidade de projeções financeiras para 2024— recuperaram o fôlego com o possível negócio e terminaram o dia com alta de mais de 2%.
Nos cálculos do Itaú BBA, a nova companhia atingiria um preço sobre lucro de 10,5x para 2026, desconsiderando as sinergias, com um lucro líquido de R$ 4,7 bilhões em 2026.
“Em nossa visão, o acordo faz sentido de uma perspectiva operacional, pois pode criar um player líder no segmento farmacêutico com oportunidades de sinergia que podem aumentar a lucratividade da empresa combinada, poder de barganha com fornecedores e clientes e posicionamento estratégico”, diz o relatório.
Contudo, a rejeição já era esperada — pelo menos para o Bradesco BBI. O banco considera que a falta de prêmio de controle e oferta à vista de R$ 30 por ação, quase 40% abaixo da máxima histórica do papel atingida em 2022, seria alguns motivos para a rejeição da proposta da EMS pela Hypera.
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