Invasão da Ucrânia

Guerra da Ucrânia: É o pior momento do conflito? Como a escalada pode impactar a Selic?

10 out 2022, 19:13 - atualizado em 10 out 2022, 19:37
Guerra
A guerra na Ucrânia entra em uma nova fase, com bombardeios em grandes centros urbanos (Imagem: REUTERS/Stringer)

Diversas cidades da Ucrânia foram alvos de bombardeios russos na manhã dessa segunda-feira (10), no que está sendo classificado como o maior ataque em escala desde que a guerra começou, há quase oito meses.

Mais de 70 mísseis balísticos foram lançados de bases russas no Mar Negro, com alvos em todas as regiões do país, entre elas a capital Kiev, até então poupada da guerra.

Autoridades locais reportaram danos a obras de infraestrutura, sistemas de distribuição de energia e abastecimento de água.

De acordo com o pronunciamento de Vladimir Putin, a ação desta segunda ocorre em retaliação à grande explosão que comprometeu parte da principal ponte que une a Criméia ao território russo.

Apesar da Ucrânia não ter reivindicado oficialmente o ataque, diversos órgãos governamentais do país postaram algum tipo de meme ou piada para ‘celebrá-lo’ nas redes sociais.

Os correios, por exemplo, divulgaram um cartão postal falso, onde a ponte aparece no fundo destruída, enquanto a mensagem de “Feliz aniversário, sr. Presidente” aparece na frente. Putin havia completado 70 anos um dia antes.

Além da importância logística da obra, que garante o fluxo civil e militar entre a península e a parte sul do território russo, o ataque traz também impactos simbólicos para o Kremlin.

A ponte foi inaugurada em 2018 pelo próprio Putin como uma forma de pavimentar a anexação ‘de facto’ da Criméia ao país euroasiático.

Guerra em nova fase: anexações e um novo comandante

O ataque ao símbolo da primeira anexação russa em território ucraniano (ocorrido há oito anos) marcam também uma resposta enérgica ao conjunto de processos de independência e anexação que o Kremlin tenta emplacar no Leste e no Sul da Ucrânia, a despeito do rechaço que sofre nos fóruns internacionais.

O governo russo, inclusive, não tem poupado ameaças ‘apocalípticas’ ao Ocidente e já informou que usará de todas as opções bélicas que possui — a Rússia tem o maior arsenal nuclear do mundo — para proteger o seu território, com as novas repúblicas sendo incluídas no recálculo das fronteiras.

Mas para além da retórica belicista, a Rússia tenta consolidar também um contra-ataque no campo de batalha.

Depois da mobilização de mais 300 mil reservistas, foi a vez de Moscou anunciar um novo comandante geral da campanha no país vizinho: Sergei Surovikin.

A ascensão de um general da forças aérea ao comando das decisões pode ser indicativo de um uso mais ostensivo dessa modalidade de combate daqui em diante. Surovikin ganhou proeminência nas forças armadas, após o seu papel na reconquista de Aleppo para o regime de Bashar al-Assad.

A chance de que a Rússia passe a bombardear com mais frequência os centros urbanos, como sinalizado pela ação de hoje, foi endereçada por Joe Biden. Em aceno a Zelensky, o presidente americano declarou que entregará novos sistemas de defesa antiaéreo.

Restrições de oferta alimentam ciclo vicioso da inflação

A escalada inédita no conflito da Ucrânia é um mau sinal para o esforço de recuperação dos mercados internacionais. As Bolsas da Europa, dos EUA e do Brasil fecharam o dia com perdas, à medida que as incertezas geopolíticas diminuem o apetite por risco.

O filme não é novo: o mesmo aconteceu em fevereiro desse ano, quando o conflito eclodiu. O risco é de que de as restrições de oferta sobre commodities não-metálicas (a Rússia é um grande produtor e exportadora de petróleo para o mundo) e agrícolas (a Ucrânia se destaca na exportação de grãos) atuem como um gatilho para que um repique, mais intenso do que a primeira vez, ocorra nos preços de energia e alimentos.

Apenas hoje, ao fim do pregão em Chicago, o trigo subiu 6% em resposta à possível interrupção de escoamento do grão pelo Mar Negro.

Adicionalmente, a Ucrânia anunciou que interromperá as exportações de energia para a Europa, o que pode agravar a situação de escassez que a parte Ocidental do continente sofre em decorrência da guerra econômica que o bloco trava com a Rússia.

Esses movimentos mostram um benefício para os investidores posicionados em ações de commodities, à medida que a relação preço sobre lucro (P/L) dos papéis tende a melhorar no curto-prazo.

No longo-prazo, contudo, há um efeito depressor sobre o mercado de renda variável como um todo, já que o aumento prolongado da inflação obrigaria uma ação ainda mais drástica dos Bancos Centrais (o BC brasileiro também estaria nessa conta), que correm para enfrentar a pior alta global de preços dos últimos quarenta anos, amplificando as chances de uma recessão econômica induzida por elevação de juros.

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Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
jorge.fofano@moneytimes.com.br
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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