Guerra comercial e ataque saudita são riscos ao crescimento global, diz diretor-geral da OMC
O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, afirmou nesta terça-feira que os ataques a instalações de petróleo na Arábia Saudita integram o quadro de riscos geopolíticos que podem afetar a taxa de expansão da economia mundial.
Esses riscos, segundo Azevêdo, se somam ao imposto pela guerra comercial, cuja escalada, segundo ele, pode ter um efeito acentuado sobre o crescimento, tanto por vias diretas quanto por vias indiretas, ao alimentar as incertezas.
Azevêdo, que se reuniu com o chanceler Ernesto Araújo, afirmou que declarações recentes dos Estados Unidos e da China levam a uma expectativa “um pouco melhor”, mas ele frisou que as conversas são “muito complexas, muito delicadas, muito sensíveis”.
“Os interesses econômicos envolvidos são enormes”, afirmou o diretor-geral da OMC a jornalistas ao deixar o Itamaraty, em Brasília. “À medida que o sistema multilateral possa ajudar, desanuviar as tensões, nós estamos prontos a tentar.”
Em relação ao ataque à Arábia Saudita, Azevêdo disse que o impacto sobre a atividade global vai depender da severidade da ação.
“A própria vulnerabilidade do sistema de refino e de distribuição do petróleo naquela região gera também incertezas e um custo que termina se traduzindo economicamente”, afirmou a jornalistas.
Amazônia
Questionado por jornalistas sobre as queimadas na Amazônia, Azevêdo afirmou que podem ter impacto comercial e econômico, sobretudo pela desinformação internacional a respeito do tema, e citou notícias de realocação de cadeias de suprimento.
“Claramente não é do interesse nem do governo nem da população brasileira de maneira geral a destruição de recursos naturais da Amazônia”, disse. “Acho que essa mensagem que está sendo dada com mais clareza, com o passar do tempo, e com mais informação, esses riscos de um impacto econômico, comercial, podem diminuir.”