Política

Guedes disse que só sairá do governo junto comigo, afirma Bolsonaro

20 dez 2020, 11:30 - atualizado em 20 dez 2020, 11:30
Paulo guedes
Guedes tem enfrentando dificuldades dentro do Congresso, e até mesmo no governo, para implementar diversas medidas da sua agenda econômica, como as privatizações (Imagem: Edu Andrade/Ascom)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em vídeo publicado no sábado, que o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse a ele que só deixará o governo no fim do mandato, mas reconheceu que o ministro fica irritado e chateado diante da dificuldade de implementação da agenda econômica.

Em entrevista concedida ao filho e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o presidente foi questionado se Guedes já demonstrou interesse em deixar o governo. “Não demonstrou para mim”, afirmou o presidente.

“Lógico que a gente vê que, de vez em quando, ele fica irritado, porque certas medidas dependem de votações. Eu sei como funciona o Parlamento, ele está aprendendo ainda”, disse Bolsonaro.

“Ele quer resolver e fica chateado. No tocando a sair, ele falou que vai sair comigo quando acabar o meu mandato”, acrescentou.

Guedes tem enfrentando dificuldades dentro do Congresso, e até mesmo no governo, para implementar diversas medidas da sua agenda econômica, como as privatizações. O ministro já reclamou em público que “acordos políticos” dificultam o seu trabalho.

Na entrevista ao filho, que foi divulgada nas redes sociais do deputado, Bolsonaro também acusou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de ter deixado caducar a medida provisória da regularização fundiária, que, segundo Bolsonaro, ajudaria a combater o desmatamento e as queimadas na Amazônia.

Ambientalistas, no entanto, afirmam que a MP representaria a legalização da grilagem. Por ser considerado polêmico, o texto não foi votado no Congresso durante a pandemia de Covid-19.

Na quinta-feira, Bolsonaro também acusou Maia de ter deixado caducar a MP que autorizaria o pagamento da 13ª parcela a beneficiários do Bolsa Família este ano, o que foi posteriormente negado pelo próprio governo. Segundo Guedes, a equipe econômica pediu que a MP não fosse votada devido ao impacto fiscal.

Bolsonaro também aproveitou a entrevista para afirmar que espera que o próximo presidente da Câmara coloque em votação medidas do interesse de sua base eleitoral, como a ampliação do acesso a armas. O governo apoia a candidatura de Arthur Lira (PP-AL), que irá enfrentar um candidato ainda não definido do grupo de Maia.

Questionado na entrevista sobre a declaração que deu, como deputado federal, ao votar pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff, quando citou o ex-chefe do principal órgão de repressão da ditadura militar, o DOI-Codi, Carlos Alberto Brilhante Ustra, Bolsonaro disse que aproveitou a ocasião para “resgatar a honra e a memória de um grande brasileiro”.

Ustra é apontado como autor de torturas e violações de direitos humanos durante o período do regime militar.