Guedes: Brasil tem “contratos assinados, não PowerPoints” para reconstruir economia
A taxa de inflação no Brasil está desacelerando e pode terminar o ano abaixo da dos EUA depois que o país retirou incentivos monetários e fiscais no ano passado, disse o ministro da Economia Paulo Guedes.
Os ganhos de preços ao consumidor vão diminuir de sua atual taxa anual de 10% para cerca de 5% até o final de 2022, após remover antecipadamente os incentivos dados durante a pandemia, disse Guedes à Shery Ahn, da Bloomberg Television, em entrevista em Nova York.
“Nós contraímos a política fiscal durante a recuperação para que não haja pressão inflacionária”, disse ele na segunda-feira. “Basicamente é a inflação global quando falamos de inflação no Brasil.”
Há um ano, a maior economia da América Latina embarcou em um agressivo ciclo de aperto das taxas de juros, aumentando os custos de empréstimos de uma mínima recorde de 2% para 10,75% em uma tentativa de domar pressões inflacionárias crescentes. Ainda assim, os ganhos de preços ao consumidor permanecem em torno do maior nível em cinco anos. A economia entrou em recessão na segunda metade de 2021 e deve crescer apenas 0,3% este ano.
Os preços ao consumidor dos EUA subiram em janeiro para uma nova alta anual de quatro décadas de 7,5%. Ao contrário do banco central brasileiro, o Federal Reserve atrasou o aperto monetário e apenas recentemente sinalizou que planeja começar a aumentar as taxas de juros no próximo mês.
O Brasil está passando de uma economia estatal para uma onde o mercado desempenha um papel central, disse Guedes durante a entrevista.
O país tem R$ 828 bilhões em compromissos de investimento privado “para reconstruir a economia brasileira” nos próximos anos em setores como gás natural, petróleo, portos e infraestrutura, disse ele.
“São contratos assinados, não são PowerPoints ou planos”, disse ele. “Este é um reinvestimento do setor privado para os próximos 10 anos.”