Grupo Petrópolis e Heineken crescem e podem se tornar problema para Ambev, alerta BofA
Em 13 anos, a participação de mercado da Ambev (ABEV3) caiu de 69% em 2005 para 56% em 2018. Mudanças na marca e lançamentos de novos produtos, como a Brahma Duplo Malte, colocaram a empresa na rota de crescimento, e hoje a cervejeira possui uma fatia de 60%.
Mas isso não afasta o potencial problema que a crescente competição pode representar para Ambev, alerta o Bank of America em relatório enviado a clientes e obtido pelo Money Times.
Segundo o banco, Petrópolis e Heineken podem aumentar sua capacidade combinada em mais de 30%, enquanto a demanda não deve acompanhar esse ritmo, ou seja, mais competição e menos lucratividade para todas as marcas.
Com isso, o BofA manteve a recomendação abaixo da média do mercado (underperform), com preço-alvo de R$ 15 para os papéis da Ambev.
O banco prevê que o consumo per capita (PCC) de cerveja cresça 3% ao ano nos próximos três anos, o que deve ajudar a demanda a totalizar 15,9 bilhões de litros, ainda cerca de 0,5 bilhão abaixo da produção potencial combinada da Ambev, Petrópolis e Heineken, se aumentarem totalmente a capacidade em quatro anos.
Grupo Petrópolis dispara
O Grupo Petrópolis, dona na marca Itaipava, é de longe a empresa que mais cresce entre as cervejarias, aponta o banco.
Segundo o BofA, com base em declarações dos executivos do grupo, a empresa produziu apenas 1,4 bilhão de litros em 2011, menos da metade dos atuais 3 bilhões de litros em 2020.
Além disso, a cervejaria anunciou o desenvolvimento, em duas fases, de sua planta de Uberaba, o que deve permitir à Petrópolis aumentar a sua capacidade para 4,7 bilhões, contra a capacidade instalada de 3,6 bilhões de litros em 2020.
“Estimamos que o mercado total de cerveja em 2020 era de 14 bilhões de litros, dos quais Petrópolis tinha entre 15% a 20% de participação”, afirma.
Heineken é velha ameaça
A Heineken também tem um plano ambicioso de expansão no Brasil: irá construir uma nova fábrica na cidade de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, com um investimentos de R$ 1,8 bilhão e conclusão prevista para o final de 2022.
“Estimamos que esta instalação possa ser semelhante em tamanho à do Paraná em cerca de 1 bilhão de litros”, calcula.
Além disso, a fabricante holandesa deve inaugurar sua planta em Ponta Grossa (Paraná) de 0,3 bilhão de litros, dos atuais 0,7 bilhão de litros.
“Por outro lado, esperamos que a Heineken opere com uma capacidade ociosa menor do que Petrópolis, já que a empresa recentemente apontou o fato de que não foi capaz de aumentar os volumes em 2020 devido à restrições de capacidade”, diz.
O banco espera que a Heineken produza 3,5 bilhões de litros em 2023 no Brasil, 40% do volume esperado da AmBev.