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Gripe aviária: Avanço na América do Sul acende alerta para JBS (JBSS3) e BRF (BRFS3)

14 mar 2023, 13:57 - atualizado em 14 mar 2023, 14:05
Gripe Aviária Aves Argentina
Caso de influenza aviária em granja industrial do Chile com cerca de 40 mil aves aumenta preocupações com sanidade no Brasil; leia mais sobre (Imagem: REUTERS/Danish Siddiqui)

Após a Argentina informar a morte de mais de 200 mil aves por conta da gripe aviária na última semana, foi a vez do Serviço Agropecuário do Chile (SAG) registrar o primeiro caso de gripe aviária no setor privado do país, em uma unidade industrial avícola, que conta com cerca de 40 mil aves reprodutoras, localizada na Região de O’Higgins. Após a ocorrência, o SAG ativou o protocolo para abate das aves contaminadas e o isolamento da área para conter o avanço da doença para outras granjas.

Segundo o ministro da Agricultura do país, Esteban Valenzuela, o caso ocorreu no campus da produtora Agrosuper, no setor oeste da comuna de Rancagua. Com isso, o Serviço Agropecuário do Chile cumpriu de imediato as normas sanitárias, informando a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), suspendendo assim as exportações de carnes de aves.

De acordo com Andrea Collao, diretora nacional do SAG, foi desenvolvida há cerca de quatro meses pelo Serviço Agropecuário uma estratégia sanitária de prevenção, sendo que em menos de 24 horas foi efetuada uma detecção precoce, o que reflete em um funcionamento do sistema.

O SAG tem trabalhado com o setor privado desde o alerta global sobre um vírus altamente patogênico que chegou através de aves migratórias do hemisfério norte em dezembro de 2022, iniciando assim uma campanha de emergência no Chile. Até o momento, existem 12 regiões com casos positivos de influenza aviária altamente patogênica em aves silvestres e domésticas, com um total de 27 espécies de aves afetadas.

Para o presidente da exportadora ChileCarne, Juan Carlos Domínguez, os dados do SAG e a implementação dos protocolos permitiram uma antecedência na contenção da influenza aviária, e por conta disso, ele prevê que em menos de 30 dias o país recupere o status livre de gripe aviária. Durante este período de quatro meses, o SAG recolheu amostras a mais de 16 mil aves de quintal, quase 4 mil aves industriais e quase 3 mil aves selvagens, de forma a detectar antecipadamente a presença do vírus

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Mercado 

O analista da Safras & Mercado, Fernando Iglesias, não acredita que a doença atinja o mercado brasileiro, e para ele, caso a influenza aviária chegue no Brasil, ela deve ficar restrita a aves selvagens, diante de sanidade animal extremamente rigorosa do país.

“O Brasil está extremamente vigilante com a evolução da gripe aviária na América do Sul, trabalhando de forma redobrada com a vigilância e fiscalização, além de suspender alguns eventos que envolvem aves como é o caso de Santa Catarina que suspendeu as feiras de aves. São medidas proativas para evitar uma potencial disseminação da doença, temos que lembrar que a região Sul é extremamente sensível pela proximidade com a Argentina e Uruguai”, avalia Iglesias.

Para o analista, caso as exportações de Chile e Argentina sejam impactadas, o Brasil poderá absorver facilmente estes embarques. “O Chile não é um grande produtor ou exportador da carne de frango, o que não traz um grande problema no ponto de vista de mercado, e a Argentina exporta 200 mil toneladas de carne de frango anualmente, o equivalente a metade de um mês das exportações brasileiras de frango, então o Brasil tem uma capacidade de atender esses mercados”.

(Imagem: Pixabay)

Iglesias ressalta que não há motivo para pânico, já que o trabalho de sanidade animal no Brasil é bem feito, mas pondera que um problema envolvendo a gripe aviária poderia resultar em uma série de desdobramentos no mercado. “Precisamos monitorar essas questões da influenza no Brasil, não só para BRF (BRFS3) e JBS (JBSS3)  que contam com grandes frigoríficos, mas como para todo o setor”

No quarto trimestre do ano passado, a BRF (BRFS3) reportou prejuízo líquido das operações continuadas de R$ 601 milhões e a empresa pode se desfazer de R$ 2 bilhões para desalavancar seu balanço.



Nesta terça-feira (14), a ação da BRF (BRFS3) atingiu R$ 6,61 por volta de 12h34, avanço de 0,61%. Na abertura, as ações estavam cotadas a R$ 6,60. Já para a JBS (JBSS3), no mesmo horário, a cotação da ação atingiu em R$ 18,76, queda de 0,11%. Na abertura do mercado, os papéis estavam em R$ 18,79.