Gringos voltam à B3 em 2023 com aportes multibilionários; o que esperar de 2024?
Em 2023, o fluxo de capital estrangeiro surpreendeu, mas também deu alguns sustos no mercado. O ano ainda não acabou, mas já é possível ter a visão geral e entender o que pode fazer com que o saldo continue positivo para 2024.
O número final do montante aplicado dos gringos na B3, segundo a Necton, atingiu R$ 55,4 bilhões, até o dia 28 de dezembro, último pregão da bolsa brasileira antes dos feriados. Esse é o segundo maior número desde 2008, perdendo apenas para 2022, que teve um saldo de R$ 119,8 bilhões.
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O Ibovespa, índice de referência da bolsa, fechou 2023 na zona dos 134 mil pontos apoiado pelas entradas bilionárias dos estrangeiros em novembro. Somente no penúltimo mês do ano foram R$ 21,2 bilhões de aportes.
Relembre o histórico dos gringos na B3
Mesmo com uma eleição no meio do caminho, o saldo de 2022 foi um dos maiores visto desde o início da série histórica em 2008. Este tipo de evento, normalmente, afasta investidores de países emergentes como o Brasil, mas não foi o que aconteceu naquele ano.
Para a Ariane Benedito, economista especialista em mercado de capitais, a entrada de recursos neste período se deu por uma pressão do cenário externo.
“O Brasil acabou ganhando as atenções dos investidores e isso se refletiu como uma questão benigna que a gente acabou ganhando os mercados dentro dos nossos pares (os emergentes). Isso corroborou para que a gente tivesse um fechamento praticamente histórico ali em 2022″, explicou.
Contudo, a animação dos gringos se manteve por pouco tempo na virada de um ano para o outro. Em janeiro, eles chegaram a comprar R$ 12,5 bilhões, mas logo sinais de fraqueza começaram a derrubar os números estrondosos de antes.
Isso aconteceu, segundo Benedito, devido a três fatores que eram imprescindíveis para que a bolsa chamasse atenção dos investidores estrangeiros durante o ano todo. Era necessário, portanto:
- uma melhora sobre a trajetória da política fiscal do país, que tardiamente foi solucionada;
- continuidade da recuperação econômica, que ficou de lado durante um tempo; e
- um cenário positivo para as commodities, que foram abaladas por conta da China.
Agora, no final de ano, com uma melhora na perspectiva fiscal, a aprovação de pautas econômicas importantes e a reforma tributária, os gringos voltaram a ter confiança no país e maior apetite a risco, aportando quantias volumosas.
“O Brasil está muito à frente do restante do mundo em relação ao cenário macroeconômico. O que impossibilitou que esse fluxo entrasse antes na conta brasileira foi, de fato, as incertezas fiscais e o aumento do risco país, devido às incertezas da dívida pública. Se a gente tivesse essas resolutivas antes de novembro, a gente talvez teria visto o fluxo melhorar”, analisou a economista.
Vale lembrar que durante 2023, os Estados Unidos também enfrentaram alguns impasses que fizeram com que os investidores preferissem os títulos americanos ao mercado de capitais brasileiro. Os treasuries de 10 anos chegaram a atingir uma marca histórica acima dos 5% que não se via desde a crise de 2008.
“Se a gente pegar só em comparação ao ano passado, que tínhamos os riscos principalmente com as eleições, e que não impediram o fluxo positivo, talvez agora sem esses vetores de estresse, a gente seja favorecido”, disse.
No entanto, a economista ainda ressalta que, para os primeiros meses de 2024, fica a dúvida se haverá continuidade nas entradas. Isso porque o cenário internacional continua incerto.
Veja o histórico mensal
Mês | Saldo líquido de K externo (R$ bilhões) |
---|---|
Janeiro | 12,60 |
Fevereiro | -1,70 |
Março | -0,40 |
Abril | 3,20 |
Maio | -4,20 |
Junho | 13,50 |
Julho | 8,90 |
Agosto | -10,40 |
Setembro | -1,50 |
Outubro | -2,90 |
Novembro | 21,2 |
Dezembro | 17,1 |