Gringos vão comprar o Brasil? País está barato e atrativo para fusões e aquisições, diz especialista
Toda a sangria vista no ano passado, com o dólar disparando, fez com que o Brasil entrasse no radar dos investidores estrangeiros, afirmam especialistas que conversaram com o Money Times.
De acordo com Leandro Schuch, sócio fundador do Schuch Advogados, há perspectivas de um bom volume de transações de fusões e aquisições (M&A) no Brasil em 2022, notadamente para esse tipo de investidor.
“A forte desvalorização cambial torna o Brasil ‘barato’ para investidores estrangeiros. Aliada a isso, há uma grande demanda da população em geral no setor de serviços, principalmente pelos canais digitais, e no setor de construção civil e infraestrutura, que ainda contam com uma oferta reprimida em razão da pandemia”, afirma.
Só no ano passado, o investimento estrangeiro direto (IED) no Brasil cresceu mais de 100%. Além disso, o país subiu uma posição no ranking de países que mais atraíram recursos de investidores estrangeiros para o setor produtivo, passando para o sétimo lugar – atrás apenas de EUA, China, Hong Kong, Singapura, Reino Unido e Canadá.
“De uma forma mais específica, vejo um bom movimento no setor financeiro, já iniciado pela aquisição do Banco Modal (MODL11) pela XP (XP), e de empresas menores e fintechs por empresas de maior porte, haja vista a grande pulverização do setor nos últimos anos, por conta da regulamentação de novos segmentos e players, somada à grande liquidez vivida pelo setor”, completa Schuch.
Já Rafael Setoguti, sócio da área de Societário e M&A do Ogawa, Lazzerotti e Baraldi Advogados, ressalta que veremos menos apetite para risco em investidores estrangeiros que nunca acessaram o mercado brasileiro.
“O ano vai continuar sendo o ano dos consolidadores, sobretudo nos setores de varejo, logística, saúde, educação e tecnologia”. completa
Cautela
Na visão de Setoguti, para 2022, a instabilidade na macroeconomia e na política acende um sinal amarelo para a busca para o setor de M&A.
“Será um ano de instabilidade na macroeconomia e na política. Por conta disso, o ritmo do mercado de capitais tende a esfriar”, argumenta.
Isso, segundo Setoguti, terá dois efeitos: empresas que desistirem de fazer IPO vão recorrer a aquisições privadas para suportar estratégias de expansão, o que significa um aumento no volume de M&A.
Por outro lado, menos empresas listadas se traduzirá em menos compradores com caixa para fazer aquisições.
“A expectativa é de que fundos de private equity e venture capital que já operam no Brasil continuem em movimento acelerado de aquisição”, completa.