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Gringos dão adeus à B3 no primeiro dia útil do ano; como será o ano de 2024?

04 jan 2024, 11:25 - atualizado em 04 jan 2024, 11:25
b3 - gringos
B3 tem número positivo em 2023, mas novo ano começa com saídas (Imagem: Renan Dantas/Money Times)

Em 2023, o fluxo de capital estrangeiro surpreendeu positivamente os mercados com um saldo próximo a R$ 55,4 bilhões na B3, segundo a Necton. Mesmo que não tenha atingido os números volumosos de 2022, o ano que passou teve seu mérito.

No entanto, 2024 não começou tão positivo quanto se esperava. No primeiro dia útil do ano, os gringos retiraram R$ 508 milhões da bolsa brasileira. A saída está em linha com o mau desempenho do Ibovespa no mesmo dia, que registrou desvalorização de 1,11%, fechando em 132.696,63 pontos.

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Os gringos na B3 em 2023

Em janeiro, os investidores estrangeiros chegaram a comprar R$ 12,5 bilhões em ações na B3, mas sinais de fraqueza começaram a derrubar os números estrondosos.

Isso aconteceu, segundo Ariane Benedito, economista especialista em mercado de capitais, devido a três fatores que eram imprescindíveis para que a bolsa chamasse atenção dos investidores estrangeiros durante o ano todo. Era necessário, portanto:

  1. uma melhora sobre a trajetória da política fiscal do país, que tardiamente foi solucionada;
  2. continuidade da recuperação econômica, que ficou de lado durante um tempo; e
  3. um cenário positivo para as commodities, que foram abaladas por conta da China.

Agora, no fim do ano, com uma melhora na perspectiva fiscal, a aprovação de pautas econômicas importantes e a reforma tributária, os gringos voltaram a ter confiança no país e maior apetite a risco, aportando quantias volumosas.

“O Brasil está muito à frente do restante do mundo em relação ao cenário macroeconômico. O que impossibilitou que esse fluxo entrasse antes na conta brasileira foi, de fato, as incertezas fiscais e o aumento do risco país, devido às incertezas da dívida pública. Se a gente tivesse essas resolutivas antes de novembro, a gente talvez teria visto o fluxo melhorar”, analisou a economista.

Vale lembrar que, durante 2023, os Estados Unidos também enfrentaram alguns impasses que fizeram com que os investidores preferissem os títulos americanos ao mercado de capitais brasileiro. Os Treasuries de 10 anos chegaram a atingir uma marca histórica acima dos 5% que não se via desde a crise de 2008.

Como será o ano de 2024?

“Se a gente pegar só em comparação ao ano passado, que tínhamos os riscos principalmente com as eleições, e que não impediram o fluxo positivo, talvez agora, sem esses vetores de estresse, a gente seja favorecido”, disse.

No entanto, a economista ainda ressalta que, para os primeiros meses de 2024, fica a dúvida se haverá continuidade nas entradas. Isso porque o cenário internacional continua incerto.

Nesta quarta-feira (3), o Federal Reserve divulgou a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), na qual apresentou um tom mais duro do banco central. Com isso, a projeção dos três cortes nos juros americanos segue sem data definida.

Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.
juliana.caveiro@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.