Greves no Reino Unido afetam ocupação de bares e restaurantes
Os pubs e restaurantes de Londres que sobreviveram à Covid-19 e à adoção generalizada do trabalho remoto agora enfrentam outra ameaça – greves de trem persistentes.
A ocupação em restaurantes no primeiro dia de greves ferroviárias nesta semana caíram para níveis não vistos desde a variante ômicron, quando máscaras eram obrigatórias no transporte público e o governo dizia às pessoas para evitarem o escritório.
Bares e lojas de conveniência em áreas centrais também estão sofrendo.
A ocupação de escritórios na capital inglesa caiu para cerca de 20%, ante mais de 50% na semana anterior às greves.
Os trabalhadores ferroviários demandam aumentos de salário com a inflação de dois dígitos no Reino Unido e resistem a algumas reformas pós-Covid nas práticas de trabalho.
“A greve está criando confusão na vida de todos e é terrivelmente difícil administrar um negócio”, disse Julian Metcalfe, fundador e executivo-chefe da rede de comida asiática Itsu, à Bloomberg News.
Ele disse que o comércio em algumas redes caiu 30%.
O órgão comercial UKHospitality estimou que as greves custarão ao setor 1,5 bi de libras esterlinas em receitas em todo o país.
Phil Urban, executivo-chefe da empresa FTSE 250 Mitchells & Butlers, dona de pubs e marcas no centro da cidade, como All Bar One, disse que as greves tiveram um “impacto maciço” nas reservas de Natal – agravados pelo clima frio.
Urban disse que houve “definitivamente mais no-shows” do que no ano passado, quando a variante do ômicron levou os clientes a cancelar as reservas.
O Gas Station, um bar perto de King’s Cross, teve uma queda de 70% do público em relação à semana passada, enquanto o Harts Group, proprietário de restaurantes e bares como Barrafina e Quo Vadis, viu uma queda de cerca de 50% nas reservas e aproximadamente a mesma taxa de cancelamentos de eventos privados.
Os empregadores também estão tendo que pagar táxis para levar os funcionários para casa, de acordo com Rik Campbell, cofundador da cadeia de restaurantes indiana Kricket.
“As greves estão custando bilhões ao país e não podemos arcar com isso”, acrescentou.
Greves estão varrendo a Grã-Bretanha enquanto trabalhadores de vários setores – incluindo o sistema de saúde, Royal Mail e serviço público, bem como transporte – se rebelam contra perdas salariais em termos reais.
O governo insiste que não pode permitir aumentos maiores sem o risco de embutir a inflação e piorar ainda mais a crise do custo de vida.
Metcalfe disse que não sabia como a situação poderia ser resolvida.
“Obviamente não dá para dar o aumento, senão o país inteiro vai estar de joelhos na Páscoa, não vai sobrar nada”, disse.
“Você tem que ser razoável, mas o que é razoável?”