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Grau especulativo ameaça US$ 65 bi em dívida da América Latina

14 ago 2020, 13:33 - atualizado em 14 ago 2020, 13:33
América Latina Pobreza Periferias
A situação é menos crítica do que no início da pandemia, quando investidores venderam dívida e empurraram títulos de mercados emergentes (Imagem: Reuters/Agustin Marcarian)

Cerca de US$ 65 bilhões em títulos de dívida corporativa e pública da América Latina podem ser rebaixados para nível especulativo. Como epicentro global da pandemia de Covid-19, a região enfrenta a pior retração econômica em mais de um século.

Mais de uma dúzia de empresas e o governo da Colômbia, com US$ 28 bilhões em dívidas em jogo, atualmente são classificados no nível mais baixo da escala de grau de investimento, com perspectiva negativa ou em observação, de acordo com a S&P Global Ratings.

Entre as empresas que com essa nota de crédito na S&P estão a petroleira estatal colombiana Ecopetrol, com quase US$ 10 bilhões em dívidas, a Vale, com US$ 7,5 bilhões, e a fabricante de produtos de madeira chilena Celulosa Arauco y Constitución, com US$ 3,9 bilhões.

A situação é menos crítica do que no início da pandemia, quando investidores venderam dívida e empurraram títulos de mercados emergentes para níveis distressed em meio a temores de inadimplência generalizada.

À medida que os mercados de capitais descongelavam e bancos centrais injetavam liquidez, empresas e governos conseguiram se financiar para lidar com a crise de liquidez de curto prazo. No entanto, os riscos permanecem altos, disse Sudeep Kesh, que comanda a S&P Global Credit Markets Research.

“Não é que o risco esteja diminuindo, sempre esteve presente. A urgência ou o ‘timing’ foram estendidos”, disse. O cenário está “certamente com viés de baixa, pois o risco econômico foi ampliado por causa da Covid-19”.

A pandemia se propagou rapidamente pela América Latina, com cinco países agora entre as 10 nações com maior número de casos. O Banco Mundial projeta que o PIB da região deve registrar queda de 7,2% neste ano, o pior resultado desde que dados confiáveis começaram a ser coletados em 1901.

Em meio à crise, agências de classificação de risco anunciaram número recorde de rebaixamentos de segundo trimestre. A S&P emitiu mais decisões durante o trimestre para a América do Sul do que o número total de rebaixamentos em 2019, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

O corte de grau de investimento para nível especulativo é significativo, porque alguns fundos são obrigados a vender a dívida devido a regras que os impedem de manter os chamados títulos junk no portfólio. Várias empresas da região perderam o grau de investimento neste ano, incluindo a gigante do petróleo Petróleos Mexicanos e a Embraer.

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