Grãos: remessa da Ucrânia pode não ser suficiente para lidar com caos no Líbano
O primeiro carregamento de grãos a deixar um dos principais portos da Ucrânia desde a invasão russa deve atracar esta semana em Trípoli, no Líbano, completando um teste para um acordo internacional destinado a aliviar a crise alimentar mundial.
O Líbano dependia da Rússia e da Ucrânia para mais de 70% de seu trigo antes do conflito travar os grãos ucranianos em uma zona de guerra.
A inflação de alimentos no país do Oriente Médio saltou no ano passado para 122%, segundo dados do Banco Mundial, impulsionada em parte pelos combates na Ucrânia.
Mas o catálogo de crises já enfrentadas pelo Líbano significa que mesmo que as importações de grãos do Mar Negro comecem a retornar ao país, dizem os analistas, elas não serão suficientes para lidar com o caos econômico interno.
O carregamento deve chegar ao Líbano dois anos após a explosão no Porto de Beirute, que matou cerca de 200 pessoas, causou danos de US$ 15 bilhões e acelerou a queda livre econômica do país, após a crise financeira do ano anterior.
A explosão de 4 de agosto de 2020 também destruiu os silos de grãos de Beirute, fraturando ainda mais a frágil cadeia de suprimentos do Líbano.
Os destroços das unidades de armazenamento estão em chamas há semanas, potencializados pelo calor do verão.
Os silos desabaram parcialmente duas vezes na semana passada, no domingo e novamente na quinta-feira, levantando uma nuvem de fumaça enquanto os moradores de Beirute marchavam na rua próxima, exigindo justiça para os mortos na explosão.
A guerra na Ucrânia agrava a crise do Líbano, elevando os preços da energia e dos alimentos e criando uma escassez de itens essenciais.
“As múltiplas crises globais estão aumentando o fardo que os libaneses estão tendo de carregar”, disse o professor da Faculdade de ciências Agrícolas e Alimentares da Universidade Americana de Beirute, Rami Zurayk. A incapacidade de comprar alimentos saudáveis suficientes está contribuindo para a desnutrição e um declínio geral na saúde da população, afirmou o docente.
Especialistas alertam que, no Líbano, o problema não é apenas a escassez de alimentos, mas também o seu consequente custo.
Muitos libaneses estão lutando para comprar os produtos mais básicos – mesmo quando podem encontrá-los nas prateleiras.
O preço da farinha de trigo no Líbano subiu mais de 200% desde o início da guerra, segundo o grupo humanitário Mercy Corps.
Fonte: Dow Jones Newswires.
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