Grãos, petróleo, açúcar e mais: As commodities mais relevantes para as empresas do agro
As commodities têm uma importância fundamental para o desenvolvimento da economia e do setor do agronegócio, com o Brasil sendo uma referência global na produção agrícola.
Por outro lado, cada empresa do agro brasileiro está mais exposta a variações de certos produtos específicos, muito em função do perfil de negócio de cada companhia.
Luis Novaes, analista da Terra Investimentos, explica que o aumento nos custos de transporte (muito orientado pelo petróleo) impacta negativamente todas as empresas, com menores efeitos para aquelas que possuem transportadoras, como é o caso da JBS (JBSS3) e em maior grau para aquelas que não possuem ou têm uma logística com pouco eficiência.
Veja a seguir outras commodities que acabam mexendo com as empresas do universo agro:
Grãos e insumos agrícolas
Grãos como soja e milho são usados para alimentação animal, sendo eventualmente processados pelo frigoríficos JBS, Marfrig (MRFG3), Minerva (BEEF3) e BRF (BRFS3).
Em caso de alta nos preços, em função de problemas climáticos, por exemplo, os custos dos criadores sobem e são repassados, influenciando nos preços dos animais.
Por outro lado, empresas como a SLC Agrícola (SLCE3) e a Boa Safra (SOJA3), que produzem grãos ou insumos agrícolas, se beneficiam de um cenário de alta de preços.
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“Dessa forma, as margens são potencializadas e há maior interesse para o cultivo, o que se traduz em maior demanda por insumos agrícolas”, explica Novaes.
Essas seriam as commodities com maior impacto nos setores citados. Caso você queira uma informação mais especifica com relação às empresas ou dados, recomendo buscar nos respectivos formulários de referência das empresas, onde existe uma descrição detalhada do negócio para os investidores.
No setor de alimentos, que abrange empresas como Camil (CAML3) e M. Dias Branco (MDIA3), os grãos são um componente importante dos custos das matérias-primas do setor.
“Os preços elevados tornam as margens mais restritas, ainda que o inverso também seja verdadeiro. Assim, o melhor cenário para essas empresas seria de uma alta oferta de grãos em relação à demanda, permitindo lucratividades maiores”, diz.
Proteínas animais
O analista ressalta que os frigoríficos brasileiros contam com uma estratégia “multi-proteínas”, processando mais de um tipo de carne.
“As proteínas são consideradas commodities, sendo cotadas nos mercados de atuação dessas empresas. Assim, quanto maior os preços, mais elevados os custos de aquisição dos frigoríficos e menores margens operacionais. Algumas empresas são responsáveis pela criação dos animais usados no abate, mas isso não é regra”, pontua.
Os grandes frigoríficos operam em diferentes regiões do mundo e as cotações diferem em razão do ciclo de produção de cada local, com variações nos preços de boi para abate no Brasil na comparação com os Estados Unidos.
Açúcar, etanol e petróleo
O açúcar é matéria-prima fundamental para o setor de sucroenergia, impactando Raízen (RAIZ4), São Martinho (SMTO3) e Jalles Machado (JALL3), sendo que a commodity varia em função de fatores como oferta de cana e clima.
“Parte da produção de cana-de-açúcar dessas companhia é destinada para a produção de açúcar. As empresas tendem a buscar uma proporção (mix açúcar e etanol) que lhe retorne o maior resultado. Caso os preços do açúcar estejam baixos, a empresa deve reduzir o percentual a ser produzido de açúcar”, discorre Novaes.
Segundo o analista, normalmente, os combustíveis derivados do petróleo são preferidos na maior parte dos casos, ainda que o etanol, se estiver economicamente competitivo, possa se tornar a preferência dos consumidores.
“Um cenário que beneficiaria o etanol seria o de alta do petróleo, o que, por consequência, implica em custos mais elevados para a produção de combustíveis e tornam o preço final maior. Dessa forma, o etanol surge como uma alternativa, observando o custo de produção do próprio etanol”, analisa.
Por fim, Novaes cita a energia como uma commodity, com diversas formas de produção. “Em caso de oferta restrita de energia a partir de outras fontes e cenário estável para oferta a base vegetal, isso seria positivo para as empresas de sucroenergia”, conclui.