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Grãos em maio: Clima derruba soja para menos de US$ 14, milho ganha fôlego e trigo despenca 24% em 2023 com temor no Mar Negro

01 jun 2023, 18:47 - atualizado em 01 jun 2023, 18:47
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No último mês, o movimento de queda no preço das principais commodities ganhou intensidade em função do clima nos Estados Unidos (Imagem: REUTERS/Anna Voitenko)

O mês de maio contou com quedas acentuadas para os contratos da soja e do trigo na Bolsa de Chicago (CBOT). A exceção ficou para o milho, que apresentou um leve avanço no período.

Esse é um cenário que favorece os produtores que realizam engorda de animais, já que essas commodities representam parte significativa dos custos da atividade agropecuária.

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Variação dos grãos na CBOT (Contrato Julho) – Safras & Mercado Maio 2023
Soja -8,45% -13,50%
Milho  1,53% -10,64%
Trigo -6,23% -24%

Soja e milho

De acordo com Rafael Silveira, analista da Safras & Mercado, o clima favorável para as safras dos Estados Unidos fez com que os contratos caíssem ao longo do mês, em especial a soja.

“Tudo isso é reflexo de uma expectativa de boas produtividades. Até o momento, projetamos uma safra cheia nos EUA, com cerca de 122 milhões de toneladas, um avanço de 5,5% ante 21/22, o que pressiona os preços, que já estão abaixo de US$ 14/bushel na CBOT”, explica Silveira.

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Assim, a tendência para a oleaginosa segue de queda, com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projetando uma oferta global acima dos 400 milhões de toneladas.

Segundo Allan Maia, analista de milho na Safras & Mercado, as especulações quanto ao clima nos Estados Unidos segue sendo o principal fator de preocupação do mercado.

Trigo

De acordo com Victor Lopes, analista de trigo na StoneX, 2023 iniciou com um cenário de incertezas geradas pelo conflito entre Rússia e Ucrânia no contrato do cereal em Chicago, situação que foi arrefecida conforme o escoamento dos grãos pelo Mar Negro avançava com novas extensões no acordo firmado entre os países.

“A perspectiva para a próxima safra divulgada pelo USDA trouxe aumento de produção em países importantes no cenário, como Argentina e Canadá. Além disso, as boas condições da nova safra do trigo inverno, colhida no segundo semestre no hemisfério norte, traz ao mercado uma perspectiva de oferta elevada. Estes fatores, somados à pressão de oferta russa a preços mais baixos no Mar Negro, contribuem para a queda dos preços em todo o mundo”, explica Lopes.

Em 2022, o Brasil colheu uma safra recorde, aumentando seu volume de exportação e ganhando espaço no mercado mundial devido a preços mais competitivos que os de países europeus.

“Apesar deste cenário de queda nos preços, fatores como a redução dos estoques globais pelo quarto ano consecutivo, as incertezas quanto à extensão do acordo de grãos do Mar Negro a partir de julho e a degradação climática em algumas importantes regiões produtoras podem trazer volatilidade ao mercado ao longo da próxima safra”, finaliza.