Grandes hedge funds sofrem perdas em agosto com crise argentina
Grandes hedge funds achavam que poderiam caminhar pelos campos minados da política argentina. No entanto, acabaram sendo atingidos.
Os ganhos do Autonomy Capital e do VR Capital Group acumulados no ano desaparecerem depois das apostas feitas na Argentina no início de agosto. Crispin Odey e Glen Point Capital, conhecidos pela estratégia de posições vendidas, também registraram perdas.
O presidente pró-mercado Mauricio Macri chocou investidores com seu fraco resultado nas eleições primárias de 11 de agosto. Com isso, ações, títulos e moeda da Argentina despencaram. Os resultados reforçaram o receio de que o candidato da oposição Alberto Fernández e sua vice na chapa, a ex-presidente Cristina Kirchner, vão retomar políticas protecionistas e reestruturar a dívida do país.
Robert Gibbins, do Autonomy Capital, perdeu cerca de 16% na primeira quinzena de agosto, disseram pessoas com conhecimento do assunto. Gibbins, que administra cerca de US$ 6 bilhões, disse em abril que sua expectativa era de que os eleitores escolhessem um candidato pró-mercado em outubro. O fundo administrado por Gibbins acumulava ganho de 7% até julho.
Em teleconferência com investidores na semana passada, Gibbins disse que, embora os mercados tenham precificado corretamente uma vitória de Fernández, o mesmo não pode ser dito em relação a um default da dívida externa, de acordo com uma pessoa a par do conteúdo da teleconferência. Para Gibbins, um default é improvável.
Mais perdas
O VR Capital também sofreu um forte impacto. O principal fundo da empresa perdeu 14,5% este mês até 16 de agosto, segundo pessoas com conhecimento dos retornos. O fundo acumulava alta de 10,3% até julho. O VR Capital, especializado em investimentos distressed e focados em eventos ou em situações especiais, administrava cerca de US$ 4,8 bilhões no fim de fevereiro, de acordo com documentos regulatórios.
O Glen Point se desvalorizou 4% na primeira metade do mês, enquanto o PointState Capital, de Zach Schreiber, perdeu cerca de 3%, reduzindo os ganhos no ano para cerca de 5%, disseram pessoas a par dos dados.
A Odey Asset Management também sofreu perdas em seu principal fundo, o Odey European. Com ativos de US$ 900 milhões, o fundo tem o Banco Macro, de Buenos Aires, entre seus 10 principais investimentos.
Ganhos
Alguns gestores conseguiram escapar do prejuízo. O Light Sky Macro de Ben Melkman, que administra US$ 1 bilhão, começou a liquidar posições em seu fundo de US$ 100 milhões com foco na Argentina entre fevereiro e julho, de acordo com uma pessoa com conhecimento do assunto. Melkman, ex-sócio do Brevan Howard Asset Management, decidiu fechar o fundo em 31 de julho devido ao risco das eleições.
Melkman, que registrou ganhos na Argentina no primeiro trimestre, disse aos investidores que havia “reduzido o risco” e comprado ações porque “eleições altamente disputadas em países de mercados emergentes costumam coincidir com maior volatilidade, retórica populista e política fiscal frouxa”, de acordo com uma carta sobre o período do segundo trimestre vista pela Bloomberg.
A BlueBay Asset Management também eliminou suas posições na Argentina antes das eleições primárias, confirmou uma porta-voz. O gestor de recursos Graham Stock disse que a empresa diminuiu a exposição aos ativos argentinos nas últimas semanas após uma viagem a Buenos Aires em julho.
Representantes das empresas não quiseram dar entrevista.